Arte nos muros: projeto estimula diálogo sobre revitalização dos espaços escolares

Parceria entre a EMEF Zeferino Demétrio Costi, Associação Movimento Hip Hop e coletivo de graffiteiros Tag Ville revitalizou muro externo da instituição e envolveu a comunidade escolar no processo

Quando a última turma de alunos saiu da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Zeferino Demétrio Costi no final da tarde de sexta-feira (23), nada indicava que o espaço escolar sofreria uma transformação que, ao longo do final de semana, despertou o interesse de quem passava em frente à instituição, localizada na rua Independência. “Foi uma surpresa para praticamente todas as pessoas, porque fomos trabalhando a ideia junto da comunidade escolar, mas queríamos que fosse algo inovador e diferente, que chamasse a atenção dos nossos estudantes quando eles retornassem para cá, na segunda-feira”, disse a diretora Lucelene Segat.

A surpresa referida pela diretora foi a parceria firmada pela Escola com a Associação Movimento Hip Hop de Passo Fundo e o coletivo de graffiteiros Tag Ville de Graffiteiros, que resultou na revitalização dos muros externos da instituição com desenhos e cores mostrando a importância da arte para o ensino e a aprendizagem e inserindo o espaço como um ponto de educação para além das salas de aula. “Estamos inseridos em um contexto de Cidade Educadora e precisamos trabalhar com todo o território. Uma das maneiras de fazer isso é convidar as pessoas a refletirem sobre diferentes assuntos. O que a gente propôs aqui foi basicamente isso: como o graffiti pode ser entendido como arte e de que forma podemos fazer esse diálogo com a cidade?”, observa Lucelene.

Essa reflexão sobre o potencial educador da iniciativa é também reflexo da grande repercussão que a proposta gerou na comunidade. “Inicialmente, nossa equipe diretiva tinha pretendido algo mais simples, que era dar um pouco de cor e identidade para a nossa escola. Os muros cinzas contrastavam muito com a alegria dos nossos alunos e com os projetos que realizamos aqui. Por isso, dentro das atividades da Semana da Juventude, que é uma promoção da Coordenadoria da Juventude, decidimos fazer esta ação de graffitar os muros. Não é apenas pelo embelezamento, mas também para que os estudantes tenham orgulho de pertencerem a esta escola”, destaca a vice-diretora da EMEF, Vanilde Bordignon.

Educação no território: a proposta das Cidades Educadoras
Quando os painéis de graffiti começaram a ser feitos, a coordenação da Escola ficou curiosa. “Tanto eu quanto a professora Vanilde e as coordenadoras Adriana e Rosane, ficamos atentas para conferir o passo a passo. Queríamos que fosse um processo que gerasse um engajamento positivo com a comunidade e o que estava sendo feito tinha que ter uma justificativa”, recorda a diretora da EMEF, complementando que os pais dos alunos também foram convidados a participar e contribuíram com a iniciativa. “Nós somos uma escola com grande participação ativa dos pais, o que é bem importante. Eles sempre contribuem e agora não foi diferente”.

Para Lucelene, o resultado desta ação tem sido positivo. “Muitas pessoas pararam para conferir o trabalho dos graffiteiros e conhecer um pouco mais sobre este formato de arte, inclusive os professores. Então, aos poucos, a gente vai construindo novas perspectivas sobre a escola, a participação social, o diálogo com a comunidade e também uma educação plural e para além das salas de aulas”, avalia a diretora.

O Iugue, um dos graffiteiros que participou do projeto, disse ter ficado bastante satisfeito com a iniciativa. “Faço graffiti há muitos anos e a parceria com as escolas é sempre importante, porque trabalhamos a educação também. Eu faço oficinas sobre graffiti e Hip Hop com os alunos e é muito bom saber que tem estes espaços em Passo Fundo”, comenta.

Conforme a direção da EMEF Zeferino Demétrio Costi, a próxima etapa deste projeto é envolver os pais e a comunidade em uma ação cultural e pedagógica que estimule a interação com a música, a pintura e os movimentos artísticos diversos que existem em Passo Fundo. “Esse é um contexto muito bom para a educação e para toda a cidade”, finaliza Lucelene.