O futuro passa pela educação

Debate promovido pela Federasul ouviu especialistas e discutiu o Pacto pela Educação

Ciente de que o futuro do Rio Grande do Sul passa, fundamentalmente, pela educação, a reunião-almoço Tá na Mesa, da FEDERASUL, debateu nesta semana o “Pacto pela Educação”.

Os processos de inovação da Prefeitura de Passo Fundo, que buscam resolver os problemas do presente e também antecipar os desafios do futuro, foram apresentados no evento pelo secretário municipal de Educação, Adriano Canabarro Teixeira.

O Centro Pós-Covid de Combate à Desigualdade Educacional foi uma das ações destacadas pelo secretário Adriano. De maio a setembro deste ano, mais de 6 mil alunos foram atendidos pela equipe multiprofissional do Centro, que busca enfrentar as perdas ocorridas no processo de ensino-aprendizagem em função da pandemia e do distanciamento social. “Em Educação, nada acontece de um dia para o outro. Precisamos de planejamento e estratégia para fazer os movimentos necessários para uma Educação de qualidade”, afirmou o secretário.

Ao falar na abertura do evento, o presidente da FEDERASUL, Anderson Trautman Cardoso, lembrou que a educação no Estado já esteve na vanguarda nacional e que hoje apresenta um dos piores resultados. Acrescentou que o difícil cenário foi agravado pela pandemia e que as perdas na absorção de conhecimento, na saúde mental e a falta de contato com professores e colegas, “são problemas que levaremos anos para superar”.

O presidente da FEDERASUL acredita que somente a união da sociedade gaúcha em torno do Pacto será capaz de qualificar a educação e construir uma sociedade melhor. “O ensino deve estar conectado com o mundo, com a realidade, com a tecnologia”, finalizou.

Também participaram do painel a secretária de Educação do Estado, Raquel Teixeira, o presidente da Atitus Educação, Eduardo Capellari e o coordenador executivo do Pacto pela Educação, Leandro Duarte.

Assim como o presidente da FEDERASUL, a secretária de Educação do Estado, Raquel Teixeira, sabe que o futuro passa pela educação, defendeu que Pacto pela Educação tenha metas para que o Estado possa retomar sua posição de destaque. A secretária vê na falta de equidade no sistema educacional seu maior desafio.

Em sua manifestação, o presidente da Atitus Educação, Eduardo Capellari enfatizou que o Rio Grande do Sul não terá como ser competitivo se não houver um choque de qualidade na educação na próxima década. Ele entende que a educação é um dever do Estado, mas uma responsabilidade de todos. “Estamos propondo uma nova educação para termos uma nova sociedade”, declarou.

O coordenador executivo do Pacto pela Educação, Leandro Duarte, acredita que diante da urgência educacional é fundamental que a sociedade civil, as empresas e as universidades se unam ao poder público para fazer da educação uma prioridade em todo Estado. “Vivemos um momento estratégico, é a hora da transformação, precisamos evoluir. É inaceitável o diagnóstico que mostra o abandono escolar na rede pública superior a 10% somente no ensino médio”, concluiu.

Arte nos muros: projeto estimula diálogo sobre revitalização dos espaços escolares

Parceria entre a EMEF Zeferino Demétrio Costi, Associação Movimento Hip Hop e coletivo de graffiteiros Tag Ville revitalizou muro externo da instituição e envolveu a comunidade escolar no processo

Quando a última turma de alunos saiu da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Zeferino Demétrio Costi no final da tarde de sexta-feira (23), nada indicava que o espaço escolar sofreria uma transformação que, ao longo do final de semana, despertou o interesse de quem passava em frente à instituição, localizada na rua Independência. “Foi uma surpresa para praticamente todas as pessoas, porque fomos trabalhando a ideia junto da comunidade escolar, mas queríamos que fosse algo inovador e diferente, que chamasse a atenção dos nossos estudantes quando eles retornassem para cá, na segunda-feira”, disse a diretora Lucelene Segat.

A surpresa referida pela diretora foi a parceria firmada pela Escola com a Associação Movimento Hip Hop de Passo Fundo e o coletivo de graffiteiros Tag Ville de Graffiteiros, que resultou na revitalização dos muros externos da instituição com desenhos e cores mostrando a importância da arte para o ensino e a aprendizagem e inserindo o espaço como um ponto de educação para além das salas de aula. “Estamos inseridos em um contexto de Cidade Educadora e precisamos trabalhar com todo o território. Uma das maneiras de fazer isso é convidar as pessoas a refletirem sobre diferentes assuntos. O que a gente propôs aqui foi basicamente isso: como o graffiti pode ser entendido como arte e de que forma podemos fazer esse diálogo com a cidade?”, observa Lucelene.

Essa reflexão sobre o potencial educador da iniciativa é também reflexo da grande repercussão que a proposta gerou na comunidade. “Inicialmente, nossa equipe diretiva tinha pretendido algo mais simples, que era dar um pouco de cor e identidade para a nossa escola. Os muros cinzas contrastavam muito com a alegria dos nossos alunos e com os projetos que realizamos aqui. Por isso, dentro das atividades da Semana da Juventude, que é uma promoção da Coordenadoria da Juventude, decidimos fazer esta ação de graffitar os muros. Não é apenas pelo embelezamento, mas também para que os estudantes tenham orgulho de pertencerem a esta escola”, destaca a vice-diretora da EMEF, Vanilde Bordignon.

Educação no território: a proposta das Cidades Educadoras
Quando os painéis de graffiti começaram a ser feitos, a coordenação da Escola ficou curiosa. “Tanto eu quanto a professora Vanilde e as coordenadoras Adriana e Rosane, ficamos atentas para conferir o passo a passo. Queríamos que fosse um processo que gerasse um engajamento positivo com a comunidade e o que estava sendo feito tinha que ter uma justificativa”, recorda a diretora da EMEF, complementando que os pais dos alunos também foram convidados a participar e contribuíram com a iniciativa. “Nós somos uma escola com grande participação ativa dos pais, o que é bem importante. Eles sempre contribuem e agora não foi diferente”.

Para Lucelene, o resultado desta ação tem sido positivo. “Muitas pessoas pararam para conferir o trabalho dos graffiteiros e conhecer um pouco mais sobre este formato de arte, inclusive os professores. Então, aos poucos, a gente vai construindo novas perspectivas sobre a escola, a participação social, o diálogo com a comunidade e também uma educação plural e para além das salas de aulas”, avalia a diretora.

O Iugue, um dos graffiteiros que participou do projeto, disse ter ficado bastante satisfeito com a iniciativa. “Faço graffiti há muitos anos e a parceria com as escolas é sempre importante, porque trabalhamos a educação também. Eu faço oficinas sobre graffiti e Hip Hop com os alunos e é muito bom saber que tem estes espaços em Passo Fundo”, comenta.

Conforme a direção da EMEF Zeferino Demétrio Costi, a próxima etapa deste projeto é envolver os pais e a comunidade em uma ação cultural e pedagógica que estimule a interação com a música, a pintura e os movimentos artísticos diversos que existem em Passo Fundo. “Esse é um contexto muito bom para a educação e para toda a cidade”, finaliza Lucelene.

Prefeitura promove Festival de Ciência, Inovação e Tecnologia voltado ao público escolar

O 1º FECIT vai ocorrer em novembro com a proposta de reunir os projetos desenvolvidos em cada escola municipal nas áreas da ciência e tecnologia, compartilhando as experiências pedagógicas com toda a rede de ensino

Em novembro, o conhecimento científico produzido pelos alunos da Rede Municipal de Educação será exposto e compartilhado com todos os passo-fundenses durante o 1º Festival de Ciência, Inovação e Tecnologia (FECIT). A iniciativa, explica o prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida, tem o objetivo de explorar o potencial inovador e criativo dos estudantes das escolas de ensino infantil e fundamental do município. “O projeto pedagógico das escolas municipais tem contemplado uma série de ações voltadas à ciência e ao uso da tecnologia como ferramenta de ensino e aprendizagem. Agora, vamos compartilhar com a comunidade o trabalho desenvolvido internamente”, afirma Pedro.

Para o chefe do Executivo, o FECIT também se insere como ação propositiva dentro do programa das Cidades Educadoras, que tem entre seus objetivos promover a educação em todo o território do município, levando para fora das salas de aula o conhecimento e a produção dos estudantes. “Fortalecer os vínculos entre as escolas municipais, os estudantes, suas famílias e toda a comunidade é uma ferramenta de levar o ensino para além dos muros escolares. O FECIT também vai cumprir esse papel, possibilitando um grande festival para a mostra do potencial da nossa rede de educação pública”, defende Pedro.

De acordo com o secretário de Educação, Adriano Canabarro Teixeira, o FECIT ocorre entre os dias 22 a 25 de novembro, no Clube Juvenil. Com entrada franca, o Festival terá programações envolvendo tanto os alunos do ensino infantil quanto os do ensino fundamental. “Este Festival está sendo pensado como um fechamento de todas as atividades que as nossas escolas desenvolveram ao longo deste ano, evidenciando as iniciativas que tenham relação com a ciência, a tecnologia e a inovação”, complementa o secretário.

Teixeira reforça ainda que os painéis e a programação completa do FECIT ainda estão sendo construídos pela Secretaria de Educação. “Mas, posso antecipar que serão dedicados a socialização de projetos como o Cidadania Global, Pensamento Científico e Cultura Digital, cujos temas já integram os planos de trabalho das nossas instituições de ensino”, aponta ele, acrescentando que ainda estão previstas atividades como a promoção de um campeonato de games, contação de histórias, experiências makers, interações artísticas e shows culturais.

CIDADES EDUCADORAS: Seminário Internacional discute experiências de transformação social

Integrando as comemorações alusivas aos 165 anos de Passo Fundo, atividade estimulou a reflexão sobre iniciativas educacionais que extrapolam os ambientes escolares e contribuem para a construção de cidades mais sustentáveis e democráticas

Compartilhar experiências e inserir os debates sobre transformações sociais a partir da educação, foram os temas centrais discutidos durante o II Seminário Internacional Passo Fundo Cidade Educadora, ocorrido nesta quarta-feira (03), na Arena UPF Parque, durante as comemorações alusivas ao aniversário de 165 anos de Passo Fundo. O encontro reuniu trabalhadores da educação, secretários da Administração Municipal, representantes de entidades, empresas, organizações sociais, instituições de ensino e também as lideranças da Rede Brasileira de Cidades Educadoras (Rebrace) e da Delegação para a América Latina Cidades Educadoras.

Para o prefeito, Pedro Almeida, o Seminário foi um espaço fundamental de diálogo e troca de saberes sobre as diferentes maneiras de fazer com que a cidade reforce o compromisso de levar práticas educadoras para além das salas de aula e dos ambientes escolares. “Precisamos entender o conceito de Cidades Educadoras como uma ferramenta de transformação social por meio da educação. Mas, isso não significa que essas iniciativas tenham que ser restritas às escolas, pelo contrário. O que estamos aprendendo neste Seminário é de que uma cidade educadora promove educação em todo o seu território”, defendeu ele, aproveitando para reiterar os investimentos e os esforços do Governo na promoção de iniciativas alinhadas ao conceito preconizado pela Carta de Princípios das Cidades Educadoras.

O secretário de Educação, Adriano Canabarro Teixeira, explicou que o II Seminário Internacional buscou a sensibilização e o intercâmbio de ideias que possam contribuir para a formulação de políticas que contemplem a educação no município também fora das escolas, visando o desenvolvimento de toda a cidade. “Todos os setores e segmentos sociais devem estar comprometidos com a construção de uma Cidade Educadora. Precisamos transcender os espaços escolares com ações que possam promover mudanças e fazer a diferença”, disse ele.

Para o pró-reitor Acadêmico da Universidade de Passo Fundo (UPF), Edison Alencar Casagranda, a atividade proposta pela Prefeitura cumpre a tarefa de provocar reflexões sobre o papel de uma Cidade Educadora na mobilização de todos os agentes sociais. “A UPF vem trabalhando com este conceito desde 2011, tecendo ações que acompanhem o dinamismo das mudanças sociais. E é isso o que esperamos de uma Cidade Educadora, que ela se proponha a fazer da educação uma fonte de experiências que transformem as pessoas”, observou.

Cidades mais sustentáveis, inteligentes e democráticas
Durante o Seminário, a representante da Delegação Cidades Educadoras América Latina, Silvina Ortiz; e as representantes da Rebrace, Maria Silvia Bacila e Emília Hércules, falaram sobre os conceitos e as construções globais acerca das Cidades Educadoras, compartilhando experiências de outros municípios brasileiros que integram o programa internacional de Cidades Educadoras e que estão entrelaçados com as iniciativas que vêm sendo desenvolvidas em Passo Fundo. “Ser uma Cidade Educadora é viver o dinamismo dos processos educacionais, incorporando vivências, aprendizados e descobertas que possam ser ampliadas para todo o território municipal. Pensar nas possibilidades de transformação que estes ensinamentos nos dão é provocar as mudanças e transformações que precisamos”, comentou Maria Sílvia, que também é secretária de Cultura de Curitiba, município-sede da Rede Brasileira de Cidades Educadoras.

Em sua fala, a representante da Delegação Cidades Educadoras América Latina salientou que o Seminário é interessante para resgatar contribuições e projetos que podem ser estruturados coletivamente entre as cidades comprometidas com os princípios norteadores do programa das Cidades Educadoras. “Cidades mais amigáveis, sustentáveis, inteligentes, democráticas e transformadoras somente são possíveis quando entendermos o quanto a educação para além dos espaços escolares é uma ferramenta fundamental. E Passo Fundo vem demonstrando esse compromisso e entendimento”, resumiu.