Prefeitura avalia os impactos da alimentação saudável nas escolas para a vida dos alunos

Em maio de 2020, uma resolução federal (6/2020, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) trouxe grande mudança para a alimentação escolar e para o prato dos alunos


Em maio de 2020, uma resolução federal (6/2020, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) trouxe grande mudança para a alimentação escolar e para o prato dos alunos. Toda a rede básica passou a estar comprometida com cardápios saudáveis, capazes de atender às necessidades nutricionais das crianças e adolescentes. Na rede municipal, algumas adaptações foram feitas para que todas as regras fossem cumpridas.
O secretário de Educação Adriano Canabarro Teixeira, considera que as adequações realizadas desde então são benéficas a todos os alunos. "Conjugar os cuidados com a alimentação com os processos educativos é uma forma de potencializar a capacidade de aprender das crianças. O Município investe um grande aporte para garantir que chegue no prato desses alunos refeições saudáveis e nutritivas, respeitando a cultura local", considera.
Conforme a nutricionista e coordenadora de Nutrição Escolar da Prefeitura, Eloir Pereira Gwozdz, entre as principais transformações estabelecidas pela resolução, estão a proibição de açúcar de adição para menores de 3 anos e a restrição para os maiores, e o incentivo ao consumo de alimentos in natura e minimamente processados. "Até 2020, as escolas podiam servir achocolatado, bolachas e chimia, por exemplo. Hoje, elas deixam de abrir pacotes para oferecer somente comida de verdade, como hortifrutisgranjeiros, arroz, feijão,massa, carne entre outros", pontua.

Para ela, a alimentação de forma adequada em quantidade e qualidade nutricional nas escolas mantém a criança com suas necessidades supridas durante o período letivo e favorece o seu desenvolvimento corporal, motor e intelectual. "Para muitas crianças, as refeições servidas nas escolas são as únicas ou mais completas que recebem no dia. Além disso, todo o desenvolvimento delas depende da alimentação. Por estes fatores, é que defendemos a qualidade dos alimentos", pontua.
Outro argumento utilizado na resolução federal sobre a alimentação balanceada e saudável que deve ser considerado é que, na infância, são criadas as preferências alimentares. E, quando a criança aprende a comer corretamente, reduz o risco futuro de desenvolver doenças cardíacas, diabetes, deficiências imunológicas, obesidade, entre outras.
Na mudança de hábitos, o secretário de Educação salienta o entendimento das famílias. "Os hábitos alimentares são diferentes entre cada família, o que pode causar o estranhamento de algumas crianças. Então, é preciso romper uma cultura, e a aceitação deste cardápio é um processo que precisa ser trabalhado com as famílias", menciona.
Para esta transição de cultura, o secretário também cita o importante papel das cozinheiras das escolas. "As escolas buscam fazer, dentro dessa nova legislação que traz restrições também abre possibilidades, uma merenda saborosa e que agrade visualmente as crianças. As cozinheiras são fundamentais para a aceitação das mudanças", destaca.

Exemplo a ser seguido

Muitas escolas da rede municipal desenvolveram projetos próprios que incentivam a alimentação saudável. Uma delas é a Escola de Educação Infantil Padre Alcides, localizada no Bairro Victor Issler, que mantém hortas solidárias.
A diretora, Gerusa de Araújo Zanotto, conta que a iniciativa faz parte do Projeto Político-Pedagógico e partiu de um estudo com as famílias. "Consultamos os pais por meio de um questionário, onde perguntamos quais seriam os interesses. A grande maioria solicitou a alimentação. Paramos, pensamos e, junto com o Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), implementamos as hortas solidárias", relata.
As hortas também são chamadas de pedagógicas porque constituem laboratórios para as crianças. Com mediação de professores, são elas que fazem todo o processo de limpeza, plantio, colheita e compostagem. "Não há nada químico. Tudo é tratado de forma ecológica", reitera a diretora.
E, segundo ela, os resultados deste envolvimento são visíveis e positivos. "Há crianças que chegam comendo um alimento só e passam a comer de tudo, principalmente, porque elas estão inseridas no cultivo", explica.
Na EMEI Padre Alcides, as crianças também participam ativamente da preservação das comunidades de abelhas mirim, jataí, manduri e mandaçaia, ajudando com os cuidados, o controle e as pesquisas.

Incentivo à agricultura familiar
A determinação federal do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) pontua a obrigatoriedade de que, dos recursos utilizados no âmbito do PNAE. No mínimo, 75% deverão ser destinados à aquisição de alimentos in natura ou minimamente processados,  o que também fortalece a agricultura familiar. Isso porque o Município tem trabalhado para ampliar o número de fornecedores de hortifrutigranjeiros passo-fundenses.

Conforme o secretário de Educação, Adriano Canabarro Teixeira, hoje são quatro famílias que produzem e enviam alimentos às escolas. "Em 2021, somente da agricultura familiar, tínhamos seis fornecedores. Destes, apenas dois passo-fundenses. Neste primeiro semestre de 2022, temos o suporte de 13 fornecedores da agricultura familiar e, destes, seis são passo-fundenses. Ainda, temos oito fornecedores para o restante do itens ofertados", enumera.
A legislação dá prioridade para quem é do município e todo o processo de definição acontece via chamamento público. "Também contamos com produtores de áreas adjacentes e outros municípios para conseguir suprir as demandas", destaca Adriano.
O secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Cristiam Thans, pontua que a pasta realiza ações amplas para promover a agricultura familiar e levar os alimentos dos produtores locais para as instituições de ensino. "É um trabalho amplo junto aos pequenos agricultores, que conta com entidades como a Emater e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais", justifica.

Foto: Michel Sanderi