O universo de Eu me chamo Antônio na Jornada

O escritor é um dos convidados da mesa de debates “Literatura e imagem: além dos limites do real”

“Poeta é feito de si e silêncio”. Foi de uma necessidade de romper com esse silêncio que Pedro Gabriel criou Antônio. O personagem é o protagonista do universo das obras Eu me chamo Antônio e Segundo Eu me Chamo Antônio e quem transformou o escritor em um dos nomes conhecidos da poesia contemporânea. E é em função desse universo, que mistura prosa com ilustração, que o escritor, ao lado de Zeca Camargo, Rafael Coutinho e Roger Mello, é um dos convidados da mesa de debates “Literatura e imagem: além dos limites do real” que acontece no dia 3 de outubro, dentro da programação da 16ª Jornada Nacional de Literatura.

O que pouca gente sabe é que os traços e as palavras desenhados em guardanapos são muito mais do que rabiscos inventados pelo escritor no balcão do Café Lamas e que conquistaram as redes sociais. “O que escrevo e desenho dentro do mundo do Eu me chamo Antônio são fragmentos de uma história maior, de um romance que ainda será escrito. A primeira frase que coloquei no Facebook (e que continua até hoje no meu perfil) é “Antônio é o personagem de um romance que está sendo vivido, escrito”. Essa descrição resume bem o universo do meu trabalho”, explica o escritor. 

Esse universo começou a ser criado ainda na antiga colônia francesa de Chade, país no meio da África, onde o escritor passou sua infância. Foi lá que, mesmo sem ainda saber ler direito, se encantava com a sequência de imagens coloridas nas coleções de Tintim e Asterix e Obelix. “Entrei no mundo das palavras por causa dos desenhos”, justifica, aos risos. O primeiro contato literário, no entanto, foi com uma velha conhecida da literatura brasileira: a Turma da Mônica, presente do avô sempre que voltava do trabalho. “Essas tirinhas bem-humoradas, sem dúvida, me marcaram muito”, lembra. A partir daí, aos poucos, foi descobrindo o sentido das palavras. Desde então, carrega um caderno para anotar toda e qualquer ideia que venha à cabeça, uma forma de não deixar as ideias escaparem. 

Se foi sorte ou um acaso, não se sabe, mas foi no dia que em que esqueceu seu caderno em casa que nasceu seu primeiro guardanapo. “Eu tinha esse hábito de sempre andar com um caderninho de bolso pra lá e pra cá, mas naquele dia eu esqueci o tal caderno em casa e as ideias estavam pulsando na minha cabeça. Eu precisava anotá-las em algum lugar. O jeito foi parar no balcão do Café Lamas – um bar que ficava no meio do caminho entre o ponto do ônibus e o meu apartamento –, pegar uma pilha de guardanapos em branco e começar a rabiscar coisas de forma espontânea, sem nenhuma pretensão”, conta. Segundo o escritor, foi nesse momento, no final de 2012, que ele sentiu a sensação de que era aquilo que lhe fazia bem e o motivava a querer dizer algo. E foi na internet que deu seus primeiros passos. 

Universo de referências
Hoje, quatro anos, três livros e dois mil guardanapos depois, o escritor lembra que seu principal desafio talvez tenha sido provar que o Eu me chamo Antônio não era apenas uma ideia para a internet ou uma página bonitinha para ganhar likes e compartilhamentos. “Eu não criei o Eu me chamo Antônio para a internet. O livro não nasceu no Facebook. Nasceu de uma necessidade de quebrar minha timidez, romper meu silêncio. Antônio, o personagem, nasce no meio disso tudo, de forma espontânea, logo, sincera. O conceito vai muito além. O livro comprovou que meus leitores também me acompanharam nas prateleiras. Isso mostra que o mais importante sempre será o conteúdo, não a plataforma”, destaca. 

Conteúdo que tem como característica o casamento da palavra e da imagem. Tanto que não se limita a uma única forma de expressão. No universo que criou, mistura várias referências diferentes: gráficas, sonoras, analógicas, digitais, todas muito influenciadas por sua própria infância. “Eu me lembro de ficar horas e horas rabiscando folhas em branco no escritório do meu pai, enquanto ele trabalhava. O registro mais forte que tenho na lembrança é o desenho de uma girafa que tenho guardado até hoje. As girafas sempre me encantaram. Se os poetas fossem bichos, sem dúvida alguma, seriam girafas: esses seres que vivem com as patas no chão e a cabeça nas nuvens. Ou seja, esses seres que viajam, voam, mas mantêm sempre raízes. A infância é a minha raiz mais firme”, conta. 

“O artista tem que ir aonde o povo está”
Ao contrário de muitos, Pedro Gabriel vê a internet como uma grande aliada na formação de novos leitores. Para ele, trata-se de um processo natural do nosso tempo. “O artista tem que ir aonde o povo está, já dizia a canção Bailes da Vida, do Milton Nascimento. O povo hoje está também na internet, nas redes sociais. É natural que surjam cada vez mais escritores, poetas ou artistas por essa plataforma”, ressalta. O que não quer dizer, ainda na opinião do autor, que exista literatura de internet. Para ele, internet não é gênero literário, apenas um caminho ou uma vitrine para chegar com menos obstáculos aos seus leitores. “Se não fosse a internet, provavelmente não teria publicado meu livro tão cedo. Mas, por outro lado, se eu não tivesse feito tanta coisa fora da internet, eu não teria conteúdo para postar e ser visto”, declara.

Ilustre poesia
Seu terceiro livro, Ilustre Poesia, lançado em 2016, marca uma ruptura. De acordo com Pedro Gabriel, é uma narrativa que se distancia dos dois primeiros livros, mas que mantém um forte elo criativo com o universo do personagem Antônio. “O meu primeiro livro foi marcado pelo medo danado de não dar certo. Há a presença muito mais marcante de trocadilhos ou frases espontâneas. No Segundo, fica mais visível o meu desejo – mesmo que tímido – de libertar as palavras para além das fronteiras dos guardanapos. Ilustre Poesia, de certa forma, encerra uma espécie de trilogia de um pré-romance. A prosa está mais presente e as ilustrações dialogam constantemente com as palavras desenhadas em cada página. Com essa nova publicação, dou mais um passo em direção à promessa do romance”, comenta. 

São 224 páginas, divididas em três partes que nasceram da pergunta “Para onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos?”. Por mais que a presença da “escrita convencional” esteja mais evidente, Ilustre Poesia ainda preserva suas origens: o desenho em guardanapos, a brincadeira com a sonoridade ou a grafia de palavras similares, a poesia descontraída. “Essa caligrafia confusa, esse traço impreciso, essa comunicação que – ora se manifesta em versos curtos, outrora em frases mais longas – são a minha personalidade criativa. É impossível eu fugir completamente do que sou”, completa. 

E é por gostar de mostrar quem é que o escritor acredita que sua primeira vez na Jornada Nacional de Literatura, será, no mínimo, uma experiência linda afinal, para ele, marcar presença real é fundamental – ainda mais para autores que começaram a ganhar visibilidade no ambiente virtual. “Eu faço questão de sempre comparecer a esses eventos literários. Só assim o livro, o autor, o leitor – ou seja: os personagens que dão vida e sentido ao que chamamos de Literatura – sobreviverão”, finaliza Pedro Gabriel. 

Sobre o escritor
Pedro Antônio Gabriel Anhorn nasceu no coração do mundo. Mais precisamente em N´Djamena, no ano de 1984. Passou a parte mais bonita de sua infância na África, alternando entre a capital do Chade e o arquipélago de Cabo Verde. É filho de mãe brasileira e pai suíço, mas foi alfabetizado em francês.

Sem saber falar português corretamente, chegou ao Brasil em 1996 com uma mala cheia de brinquedos e lembranças. A partir da dificuldade na adaptação ao idioma, começou a prestar mais atenção na grafia e na sonoridade das palavras, a brincar com elas, a tentar entendê-las. Transformou esse distanciamento de 12 anos em poesia. Cada vez que desenha ou escreve, tem a sensação de pagar uma dívida com a sua língua materna. Sua arte o aproxima do que ele é.

Em outubro de 2012, inaugurou a página “Eu me chamo Antônio” nas redes sociais para compartilhar o que rabiscava com caneta hidrográfica em guardanapos nas noites em que batia ponto no Café Lamas, um dos bares mais tradicionais do Rio de Janeiro. É publicitário, formado pela ESPM-RJ, e autor dos livros Eu me chamo Antônio (2013); Segundo – Eu me chamo Antônio (2014); e Ilustre Poesia (2016). Todos publicados pela Editora Intrínseca.
Obras indicadas: Eu me chamo Antônio; Segundo – Eu me chamo Antônio; Ilustre Poesia

Jornada Nacional de Literatura
A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura são promovidas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios do Banrisul, da Corsan, da Ambev, da Companhia Zaffari & Bourbon, da Ipiranga, da Panvel, da SulGás, da Triway e da TechDEC; com o apoio cultural da BSBIOS e do Sesi, patrocínio promocional da Capes, da Fapergs, da Italac e da Oniz, com a parceria cultural do Sesc, financiamento do Governo do Estado – Secretaria da Cultura – Pró-cultura RS LIC e realização do Ministério da Cultura.

As inscrições para a Jornada e para a Jornadinha estão abertas e são limitadas. Para a Jornada, o público pode se inscrever tanto para o evento completo quanto para apenas uma das noites. Os interessados devem se inscrever no portal www.upf.br/16jornada. A programação completa também está disponível no site da Jornada. Informações podem ser obtidas pelo e-mail jornada@upf.br ou pelo telefone (54) 3316-8368.

Por: Assessoria de Imprensa UPF
(Foto: Leo Aversa)


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Atualizado em 27 de setembro de 2017.

Alunos de mais quatro escolas recebem óculos

Através do programa, são realizadas consultas e exames de visão para crianças

Um grupo formado por 19 alunos de quatro Escolas de Educação Infantil foram beneficiados com óculos do programa “Olhar de Criança”, criado pela Prefeitura de Passo Fundo para prevenir possíveis problemas de visão. Através do programa, são realizadas consultas e exames de visão para crianças com idades entre 3 e 6 anos que frequentam as escolas da rede municipal da Educação Infantil.

Na manhã dessa terça-feira (26), o programa Olhar de Criança aconteceu na EMEI Santa Terezinha na Dona Júlia, onde alunos de mais três escolas receberam óculos: EMEI Professor Bandana (Loteamento Menino Deus), Amizade (Vila Operária) e Nossa Senhora das Graças(Nenê Graeff).

O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, esteve presente no evento, realizando a entrega dos óculos e falou aos pais das crianças sobre a importância do programa que busca melhorar o aprendizado na escola, reforçando o estímulo para as crianças irem com óculos para sala de aula.

“Com certeza é um dos nossos grandes programas, barato, mas muito importante para a vida escolar das crianças e também no dia a dia. Muitas vezes os pais não conseguem identificar o problema de visão de seus filhos. O programa tem especialistas para realizar o exame e testes, e após, tendo a necessidade, nós fornecemos os óculos ao aluno, que escolhe a cor e modelo, uma forma da criança se apegar mais e usá-lo com mais vontade”, disse Luciano.

Para Sandro Frederico Graef Prates, pai de Rafael de seis anos, aluno da Emei Professor Bandana, o programa, além de inovador, tem um caráter social e muito expressivo. “Não notamos a necessidade dos óculos. Os professores nos avisaram e começamos a notar alguma dificuldade dele quando ficava muito próximo à TV para jogar ou assistir. Além da economia e a preocupação com nossos filhos, o programa é muito bom, pois atende a todos”, destacou Sandro.

O Programa Olhar de Criança já realizou o teste exames em mais de 1.800 alunos de 26 escolas de educação infantil desde a sua implantação. O programa funciona em três diferentes etapas: na primeira, a criança faz um teste de visão na escola. Caso seja detectado algum problema, um novo teste é feito no Hospital de Olhos e, se preciso, a criança recebe os óculos de acordo com a sua necessidade, sem nenhum custo para as famílias.

(Foto: Alex Borgmann)
 

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Atualizado em 26 de setembro de 2017.

Tô Dentro: estudantes podem participar de simulado

As inscrições devem ser realizadas presencialmente nos dias 09, 10 e 11 de outubro, das 19h às 22h

A Secretaria de Educação da Prefeitura de Passo Fundo, através da Universidade Popular, informa que um simulado de preparação para o Enem acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de outubro, Além dos alunos do Programa Tô Dentro, estudantes de outras instituições que estiverem se preparando para a prova também podem participar.

As inscrições devem ser realizadas presencialmente nos dias 09, 10 e 11 de outubro, das 19h às 22h, na sede da Universidade Popular, que fica no primeiro andar da Faculdade Ideau, na avenida Rui Barbosa, 103 (esquina com a avenida Brasil) – bairro Petrópolis.

O simulado
As provas do simulado acontecerão nos 16, 17 e 18 de outubro, das 19h às 22h, na sede da Universidade Popular, que fica no primeiro andar da Faculdade Ideau, na avenida Rui Barbosa, 103 (esquina com a avenida Brasil) – bairro Petrópolis.

Mais informações pelo telefone (54) 3315-6997.

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Atualizado em 25 de setembro de 2017.

Lançamento oficial da 31ª Feira do Livro

O evento será realizado no Teatro Municipal Múcio de Castro

Os preparativos para a 31ª edição da Feira do Livro de Passo Fundo seguem a todo vapor. A grande movimentação literária e cultural, neste ano, será realizada de 03 a 12 de novembro, mais uma vez no salão de eventos do Bourbon Shopping. Como parte da programação, serão realizados encontros com escritores, sessões de autógrafos, shows de canto e dança, contações de histórias, além de uma programação permanente, e o espaço Sesc/Senac.

Promovida pela Associação dos Livreiros de Passo Fundo (ALPF), Prefeitura Municipal de Passo Fundo e Ministério da Cultura, a 31ª Feira do Livro será apresentada oficialmente à imprensa passo-fundense e a toda comunidade, na próxima terça-feira (26), às 9h30min, no Teatro Municipal Múcio de Castro. Na oportunidade, os presentes irão conhecer os escritores confirmados, além da programação completa e outras novidades do evento.

De acordo com a Presidente da ALPF e da Feira do Livro, Silvana Rovani, todo o evento foi projetado com muito carinho. “Pensamos em uma Feira do Livro para todos os públicos, todas as idades. Cada detalhe, cada convidado ou atração, foi escolhido com muito carinho, e agora está na hora dos leitores conhecerem as novidades da 31ª edição da nossa movimentação literária. Estaremos de braços abertos aguardando toda a comunidade na terça-feira”, destaca.

#VemParaAFeiraDoLivro
O que: lançamento oficial da 31ª Feira do Livro de Passo Fundo;
Quando: terça-feira, dia 26 de setembro, às 9h30min;
Onde: Teatro Municipal Múcio de Castro.

Por: Assessoria de Imprensa Feira do Licro
(Foto: Felipe Souza)

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Atualizado em 22 de setembro de 2017.

Hora de colocar as leituras em dia

Já está no ar o Blog da Jornada

Nos dias que antecedem a 16ª Jornada Nacional de Literatura, é hora de colocar as leituras em dia. Para dar aquela força, está no ar o Blog da Jornada, que terá posts diários de um futuro livro a ser chamado C_mpl_te as le_turas. Trata-se de uma espécie de bloco “afetivo” no qual leitores capacitados, professores e alunos de Letras da Universidade de Passo Fundo (UPF), dedicam-se ao estudo das obras dos autores convidados dos Palcos de Debates da 16ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo: Literatura e imagem: além dos limites do real; Centauro, pedra, rosa e estrela: Scliar, Suassuna, Drummond, Clarice; Por elas: a arte canta a igualdade; Monstros e outros medos colecionáveis. 

Há também textos que se dedicam a discutir a obra dos autores homenageados na edição de 2017 da Jornada, bem como uma seção destinada à obra dos coordenadores dos Palcos de Debates: Alice Ruiz, Augusto Massi, Felipe Pena. Conforme os coordenadores da Jornada, Fabiane Verardi Burlamaque e Miguel Rettenmaier, “Não há, aqui, propósitos de se fazer crítica literária, mas de se oferecer aos leitores uma introdução, algumas notas de conhecimento prévio à leitura das obras dos autores convidados. Posteriormente, isso será um livro, um caderno de leituras. Os comentários são sempre bem-vindos”.

O endereço do blog é: http://blogdajornada.upf.br.

Por Assessoria de Imprensa UPF

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Atualizado em 22 de setembro de 2017.

Quarta mesa de debates: Monstros e outros medos

Débora Ferraz, Julián Fuks, Mario Corso, Mário Rodrigues e Michel Laub discutem o medo

";;Viver é muito perigoso”. A frase escrita em 1956 por João Guimarães Rosa na obra “Grande Sertão: Veredas” nunca foi tão atual.  E é por isso que, em sua 16ª edição, cumprindo sua característica de fazer a literatura dialogar com a atualidade, a Jornada Nacional de Literatura propõe uma discussão sobre o medo. A mesa “Monstros e outros medos colecionáveis”, que acontece no dia 6 de outubro, na última noite da Jornada, reunirá os escritores Débora Ferraz, Julián Fuks, Mario Corso, Mário Rodrigues e Michel Laub em torno de um debate sobre o estado de espírito atual que parece ser comum a todos os moradores das grandes e pequenas cidades: a sensação de medo que domina as pessoas em casa, nas ruas, no trabalho e até mesmo na política.

Desde que Guimarães Rosa escreveu “Grande Sertão: Veredas”, a sensação de insegurança frente aos perigos que cercam a sociedade se ampliou. Mesmo 60 anos depois, viver continua sendo perigoso. “Essa sensação de medo se relaciona aos constantes riscos aos quais nos submetemos, ao mesmo tempo ampliada por uma espécie de obsessão pela segurança. Alguns medos, que desde tempos imemoriais não conseguimos nem mesmo nomear, se transformam em figuras e essas figuras são os monstros”, explica um dos coordenadores da Jornada, professor Miguel Rettenmaier. 

Os monstros, conforme lembra o coordenador, nos conceitos mais antigos, eram prodígios, meio humanos, meio animais de aparência feroz, e tinham uma conduta profética, como enunciadores contra eventuais malfeitos que desobedecessem a aliança entre deuses e homens. “Interessa saber que mesmo nos assustando, os monstros nos seduzem. E isso se dá pelo fato de que quase todos eles são guardiões de segredos. Em outras palavras: enfrentar monstros e vencê-los recompensa com a descoberta de algum mistério”, comenta. 

Em outras palavras, como explica a também coordenadora da Jornada, professora Fabiane Verardi Burlamaque, a palavra monstro, etimologicamente, está ligada a um sinal do que está por vir, a um presságio ou uma advertência. “Sua monstruosidade está no que nos espera e em nossa assustadora impotência perante o destino. Falar, contudo, sobre medos, não tem relação apenas com nossos temores individuais: a história como destino humano está cheia de monstruosidades”, ressalta. Para a coordenadora, o medo é um tema que está em evidência na atualidade. “Como diz Zygmunt Bauman, convivemos com diferentes medos: da violência urbana, do terrorismo, de catástrofes naturais, do desemprego, de epidemias, da solidão, da exclusão”, completa. 

Durante a Jornada, esses monstros tornam-se também colecionáveis. Segundo Rettenmaier, o termo se refere a objetos, camisetas, bonecos, bustos, réplicas e todo tipo de produto que responde a um fetiche despertado por alguma produção da indústria cultural. “Associado ao tema da noite, aos monstros e medos, o colecionável tem relação com um acervo de inseguranças que guardamos em nossa subjetividade, em nossa família, na sociedade”, lembra.  

Diferentes medos
Para falar sobre essa temática, foram convidados escritores que trabalham medos e monstros em suas obras das mais diferentes maneiras. O psicanalista e autor da obra Monstruário, Mario Corso, é, de acordo com Fabiane, o especialista no tema. “Débora Ferraz e Mário Rodrigues são os vencedores do prêmio Sesc de Literatura. “Mário Rodrigues tem um livro chamado ‘Receita para se fazer um monstro’, no qual narra a construção de um sujeito desprovido de humanidade a partir de experiências dolorosas na infância, principalmente na família”, conta Rettenmaier. 

Já Julián Fucks, vencedor do Prêmio Jabuti em 2016, na obra “A resistência”, apresenta os  regimes autoritários como monstros e fala sobre a forma como essas relações opressoras repercutem na intimidade das relações afetivas e familiares. Michel Laub traz, em O tribunal de quinta-feira”, os terrores da contemporaneidade. “Na obra de Laub, a intimidade mostra-se facilmente devassada no universo das redes sociais e o nosso corpo é algo que pode ser facilmente violado por um mal ainda sem cura”, finalizou Fabiane. 

Lirinha fará show na Jornada
Também na noite do dia 6 de outubro acontece o show Poesia Eletrônica, com o músico, poeta e escritor pernambucano Lirinha. Num recital solo, Lirinha apresenta poesias faladas ao vivo com elementos pré-gravados, disparados por meio de um sampler. No repertório, além das próprias composições, textos de Manoel Filho, Pinto do Monteiro, João Cabral de Melo Neto, Micheliny Verunschk, Waly Salomão e Alberto da Cunha Melo.

Sobre as Jornadas Literárias
A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura são promovidas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios da Ambev, do Banrisul, da Corsan, da Companhia Zaffari & Bourbon, da Fapergs, da Ipiranga, da SulGás, da Triway e da TechDEC; com o apoio cultural da BSBIOS e do Sesi; patrocínio promocional da Capes, Italac e Oniz; com a parceria cultural do Sesc; financiamento do Governo do Estado – Secretaria da Cultura – Pró-cultura RS LIC e realização do Ministério da Cultura.

As inscrições para a Jornada e para a Jornadinha estão abertas e são limitadas. Para a Jornada, o público pode se inscrever tanto para o evento completo quanto para apenas uma das noites. Os interessados devem se inscrever no portal www.upf.br/16jornada. A programação completa também está disponível no site da Jornada. Informações podem ser obtidas pelo e-mail jornada@upf.br ou pelo telefone (54) 3316-8368.

Sobre os autores da mesa “Monstros e outros medos colecionáveis”: 

Débora Ferraz
Débora Ferraz é escritora e jornalista. Seu primeiro romance, “Enquanto Deus não está olhando”, foi vencedor da 10ª edição do Prêmio Sesc de Literatura e do Prêmio São Paulo de Literatura na categoria autor estreante com menos de 40 anos. Trabalha atualmente em seu segundo romance e cursa doutorado em escrita criativa na PUC-RS.
Obra indicada: Enquanto Deus não está olhando

Julián Fuks
Paulistano nascido em 1981, Julián Fuks é autor de “A resistência”, livro do ano de ficção no prêmio Jabuti de 2016 e segundo lugar no prêmio Oceanos, e de “Procura do romance” e “Histórias de literatura e cegueira”, ambos finalistas dos mesmos prêmios. É doutor em teoria literária pela USP, e já escreveu na Folha de S. Paulo e nas revistas Entrelivros e Cult. Livros e textos seus já foram traduzidos para seis línguas e publicados em dez países. Em 2012, foi eleito pela revista inglesa Granta como um dos ";;melhores jovens escritores brasileiros";;.
Obra indicada: A resistência 

Mário Corso
Mário Corso é psicanalista, membro da APPOA. Psicólogo pela UFRGS. Em 2002, lançou “Monstruário – Inventário de Entidades Imaginárias e de Mitos Brasileiros”, pela editora Tomo, livro pelo qual recebeu a Menção Honrosa do Jabuti. Publicou “Fadas no Divã: psicanálise nas histórias infantis”, em 2005, e “Psicanálise na Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia”, em 2010, ambos pela editora Artmed, junto com Diana Corso. Em 2014, publicou “A história mais triste do mundo”, pela editora Bolacha Maria, e recebeu, por essa obra, o Prêmio Açorianos de Literatura Infantil de 2015. Publica artigos, ensaios e crônicas em Zero Hora e em diversos meios de comunicação.
Obra indicada: Monstruário. Inventário de entidades imaginárias e de mitos brasileiros

Mário Rodrigues
O pernambucano Mário Rodrigues é pós-graduado em língua portuguesa e leciona português, literatura e redação. Em 2016, venceu o Prêmio Sesc de Literatura com o “Receita para se fazer um monstro”, coletânea de contos que transporta o leitor à infância dos anos 1980. O conjunto de brincadeiras e descobertas compõe um quadro trabalhado entre a dureza e a ironia, o que nos remete à própria origem da brutalidade que reside na alma dos personagens. Esse retrato cruel dialoga com os nossos dias, evidenciando as pequenas violências que existem em cada um de nós.
Obra indicada: Receita para se fazer um monstro

Michel Laub
Nasceu em Porto Alegre, em 1973, e vive hoje em São Paulo. É autor de sete romances, entre eles “Diário da Queda” (2011) e “O tribunal da Quinta-Feira” (2016). Seus livros foram publicados em doze países e nove idiomas, além de receber diversos prêmios no Brasil e no exterior. 
Obras indicadas: O tribunal da quinta-feira, A maçã envenenada, Diário de queda

Por Assessoria de Imprensa UPF

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Atualizado em 22 de setembro de 2017.

Quiosque de Leitura: novas cores para ler a cidade

As obras iniciaram para resolver problemas de infiltração e melhorar a estrutura do Quiosque

Localizado na Praça Antonino Xavier, o espaço dedicado à leitura recebe obras de reforma para qualificar o atendimento às crianças e aos jovens do município. Em fase final, a pintura foi concluída e os serviços estão focados nos detalhes de acabamento.

As obras iniciaram para resolver problemas de infiltração e melhorar a estrutura do Quiosque de Leitura Roberto Pirovano Zanatta. Segundo a arquiteta da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Passo Fundo, Marielen Colpani, já foram realizados serviços como: conserto do telhado e impermeabilização da laje, além da troca de telhas; banheiro com acessibilidade; piso novo na lateral do espaço e colocação de bancos. “Agora, estamos na fase de acabamentos para entregar a obra completa e o espaço revitalizado”, disse ela.

O empreendimento está sendo viabilizado através de medida compensatória com a empresa Coplan, responsável pela intervenção. O investimento busca adequar o espaço ao uso, recuperando cobertura, pintura e entorno próximo.

O quiosque
Proporcionar atividades para crianças e adolescentes através da amplitude da leitura é o principal objetivo das oficinas oferecidas pelo Quiosque de Leitura Roberto Pirovano Zanatta. Com parceria da Prefeitura de Passo Fundo, em 2017 são oferecidas turmas de produção textual, teatro, xadrez e iniciação musical – com canto coral e violão, além de duas novidades: as oficinas de movimento e ritmo e inglês musical. No momento, as oficinas estão sendo realizadas na Biblioteca Pública Municipal Arno Viuniski.

(Fotos: Fabíola Hauch) 

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Atualizado em 21 de setembro de 2017.

Nutrição Escolar vai realizar concurso de receitas

A participação é aberta a todas as merendeiras e serventes da rede municipal

Receitas saudáveis, nutritivas e saborosas deveriam fazer parte de toda alimentação oferecida na escola. Pensando nisso, a Coordenadoria de Nutrição Escolar da Secretaria de Educação da Prefeitura de Passo Fundo está promovendo o Concurso de Preparações Culinárias. O objetivo, segundo a coordenadora, Kely Szymanski, é incentivar e divulgar a preparação dessas receitas, muitas que já são oferecidas nas escolas municipais e entidades ligadas ao município.

A participação é aberta a todas as merendeiras e serventes da rede municipal, entidades filantrópicas conveniadas e entidades ligadas à assistência social do município. Cada uma pode enviar uma receita culinária doce ou salgada elaborada pela própria merendeira ou servente. Os ingredientes utilizados na preparação devem ser oriundos dos itens encaminhados pela Coordenadoria de Nutrição Escolar ou entidades ligadas à assistência social.

O concurso tem caráter exclusivamente cultural e os interessados têm até o dia 5 de outubro para enviarem suas receitas. As concorrentes serão avaliadas por uma banca julgadora, formanda pelos apoiadores do concurso. Do total de inscrições, serão classificadas 16 receitas para serem executadas para apresentação e degustação da banca avaliadora. Serão avaliados originalidade, criatividade, inovação, facilidade e tempo de preparo, além da viabilidade de servir um grande número de porções. A padronização e possibilidade de replicação também serão avaliados.

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Atualizado em 21 de setembro de 2017.

Ronda Literária Crioula

Alunos da rede municipal têm tarde de literatura e tradicionalismo

Em tempos de Semana Farroupilha, a Biblioteca Municipal Arno Viuniski, órgão coordenado pela Secretaria de Educação da Prefeitura de Passo Fundo, aderiu às comemorações e promoveu uma Ronda Literária Crioula. Durante dois dias, alunos das escolas municipais foram até a biblioteca para desenvolver atividades tendo como pano de fundo uma obra referente ao tradicionalismo.

A obra escolhida, segundo a coordenadora do Núcleo do Livro e de Leitura, Suzana Einloft, foi Conheça Passo Fundo Tchê, de Welci Nascimento, que fala sobre a vida e a obra de Estanislau Barros de Miranda, o Lalau Miranda, que hoje dá nome ao Centro de Tradições Gaúchas (CTG). “Escolhemos esta obra e este autor pela importância que têm em relação às tradições gaúchas”, explica Suzana.

No livro, Nascimento fala do início do Movimento Tradicionalista no Rio Grande do Sul, contextualizando Passo Fundo nesta história. Para trabalhar a obra, foram realizados debates e apresentações artísticas. Somente nesta terça-feira, dia 19 de setembro, mais de 170 alunos participaram das atividades, entre estudantes das escolas municipais Notre Dame, Antonino Xavier e Padre José de Anchieta.

(Fotos: Divulgação Biblioteca)

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Atualizado em 19 de setembro de 2017.

Um sarau literário para a poesia de Drummond

O evento é gratuito e toda a comunidade está convidada

Incentivar a leitura e democratizar os clássicos para a população, especialmente para os jovens, são alguns dos objetivos do Projeto Literatura em Diálogo, que convida a todos para ler e falar sobre literatura. Em setembro, uma programação diferente está sendo organizada: o Sarau Literário de Carlos Drummond de Andrade, com o tema “No meio do caminho tinha uma música”. A movimentação literária acontecerá no dia 28 de setembro, às 19h30, no Espaço Cultural Roseli Doleski Pretto.

O evento é gratuito e toda a comunidade está convidada para uma noite imersa na poética, com declamações de poesias de Drummond. O sarau inicia com uma serenata na sacada do prédio do Teatro Municipal Múcio de Castro. Após a apresentação, as atividades seguem no palco da Arena Instituto Histórico, no pátio do Espaço Cultural, com poesia, dança, música e intervenções artísticas.

A coordenadora do projeto, a professora Dra. Ivânia Campigotto Aquino, ressalta que Carlos Drummond de Andrade é um dos mais importantes poetas brasileiros. “Contemporâneo de grandes escritores do século XX, destacou-se, principalmente, por inovar na forma do poema moderno e pelos aspectos prosaico, irônico e anti-retórico de sua produção. Abordou múltiplos temas, trabalhando a palavras sempre com muita consciência. O sarau, nesse sentido, procura tornar esse grande poeta mais próximo do público em geral, incentivando a leitura de seus textos”, afirma.

Em caso de chuva, o evento ocorrerá no Teatro.

Quem faz?
A iniciativa é promovida pela Prefeitura de Passo Fundo, através do Núcleo do Livro, Leitura e Literatura da Secretaria de Educação e da Biblioteca Municipal Arno Viuniski, e pela Universidade de Passo Fundo, através do Curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras. O projeto integra ainda o Programa Ensino e Inovação do IFCH/UPF. Os estudantes de diferentes cursos da universidade ligados à área, em parceria com a equipe da Biblioteca Municipal, auxiliam no planejamento, organização e execução das atividades.

Literatura em Diálogo
O Literatura em Diálogo propõe dois eixos: a leitura e a discussão de obras clássicas da literatura no ambiente escolar de todas as escolas de Passo Fundo, sendo voltado para alunos dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio; e a inclusão da comunidade para incentivar a leitura e a formação do leitor. O objetivo é o aprofundamento teórico das análises dos textos e o exercício da criatividade prática na abordagem metodológica da leitura. 

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Atualizado em 19 de setembro de 2017.