Saúde do trabalhador: levantamento mostra realidade dos acidentes de trabalho

Durante os encontros foi realizado um levantamento das necessidades e dificuldades encontradas por essas cidades. Dos 58 municípios que compõem a área de abrangência do CEREST, compareceram representantes de 40 deles.

De acordo com informações da equipe do CEREST, os encontros com os diferentes municípios permitiram visualizar as semelhanças e repetições que ocorrem na saúde do trabalhador, além das diferenças locais, que dificultam o desenvolvimento das atividades laborais e a promoção da saúde para a população economicamente ativa.

“É evidente a sobrecarga de trabalho por parte do profissional responsável pela saúde do trabalhador, que realiza e também coordena outras atividades, em virtude da falta de recursos humanos, ou seja, equipes reduzidas para desempenhar as tarefas. Ainda, há falta de vigilância estruturada na área da saúde do trabalhador e de entendimento sobre o cotidiano do cuidado e protocolos de atendimento”, destacou a terapeuta ocupacional, Carolina Santos da Silva.

Conforme a equipe responsável pelo CEREST Nordeste, percebe-se a falta de comunicação entre o hospital de referência e a equipe de saúde, o que prejudica o fluxo da notificação. “Há dificuldades em sensibilizar outros profissionais da área, gestores e população, sobre a temática da saúde do trabalhador, principalmente no que diz respeito à prevenção de acidentes, ao uso de EPI's (equipamentos de proteção individual), procedimentos no caso de acidentes com material biológico, agrotóxicos, doenças relacionados ao trabalho, trabalho infantil e fluxo de atendimento”, explicou a enfermeira do trabalho, Flávia Mucha.

Os resultados obtidos a partir do levantamento nortearão o trabalho diário do CEREST Nordeste, bem como das áreas estratégicas para o desenvolvimento de ações durante o ano de 2015, como: Não-Me-Toque, Marau, Tapejara, Soledade, Carazinho e Passo Fundo, que apontaram um alto número de notificações de acidentes de trabalho no último triênio.

O CEREST reforça a importância desse levantamento a fim de aprimorar o olhar para a saúde do trabalhador, que por vezes é deixada de lado em função de outras demandas da saúde.

“Pensar a saúde do trabalhador e trazê-la como pauta nas discussões das equipes de saúde dos municípios de abrangência do CEREST Nordeste, buscando conhecer a realidade local de cada município e os fluxos de atendimento até então estabelecidos, se faz necessário para o planejamento de ações de vigilância e prevenção, uma vez que o tema saúde do trabalhador ainda é pouco priorizado nas políticas públicas”, relatou Carolina, que complementou: “daí a importância de organizarmos, enquanto equipe CEREST, esses encontros, setorizados por regiões que promovam o diálogo e a tentativa de articulação de uma rede de saúde do trabalhador”, encerrou.