Vem conhecer quem vai estar na Jornada

Inscrições para a 16ª Jornada Nacional de Literatura estão abertas – as vagas são limitadas

“Literatura e imagem: além dos limites do real”. Esse é o tema da primeira mesa de debates da 16ª Jornada Nacional de Literatura, que acontece de 2 a 6 de outubro, na Capital Nacional de Literatura, em Passo Fundo/RS. Para discutir essa temática, o palco de debates da noite do dia 3 de outubro contará com os escritores Pedro Gabriel, Rafael Coutinho, Roger Mello e Zeca Camargo.

Discutir a leitura além do limite verbal. É isso que os organizadores da Jornada e o público esperam na primeira noite de debates do palco principal da Jornada, que nesta edição será denominado Espaço Ariano Suassuna. “A pluralidade de textualidades existentes na sociedade, associada à diversidade de suportes com os quais interagimos comprova uma concepção de leitura aberta, multiplicada. Assim, formar leitores esteticamente sensíveis exige um olhar que contemple o belo que existe tanto na palavra quanto nas demais representações”, justifica um dos coordenadores da Jornada Nacional de Literatura, professor Miguel Rettenmaier.

A imagem, segundo Rettenmaier, é um elemento chave na mediação entre sujeito e mundo. “Ler imagens significa posicionar-se perante objetos estéticos, aparatos ideológicos, produtos de consumo...É importante que se registre nessa mesa, contudo, que a imagem, como representação, produz outra realidade, além daquela que consideramos ‘real’. É como se estivéssemos na linha de uma interseção entre o que julgamos como uma realidade material vivida e uma realidade imagética produzida”, afirma.

O público terá perante si talentos que representam uma geração que fez da imagem um signo essencial.  “Teremos, em Passo Fundo, escritores que construíram um estilo próprio, que não apenas se associou à diversidade de códigos, mas se apropriou deles na tentativa de superar as limitações de nosso olhar, desatento, pouco afeito a questionamentos mais agudos”, garante a também coordenadora da Jornada, Fabiane Verardi Burlamaque.

Diferentes leituras da imagem
Os autores convidados à mesa “Literatura e imagem: além dos limites do real” estão relacionados à questão da leitura da imagem, mesmo que sob evidentes diferenças. Conforme Rettenmaier, Pedro Gabriel ingressou no sistema literário pela lateralidade de uma situação específica: produziu poesias em guardanapos, nas quais o hibridismo entre imagem e palavra resultou em produções muito interessantes, as quais acrescentaram as dinâmicas do sistema literário ao poder das redes sociais, suporte original do autor, antes do livro.

Já Rafael Coutinho revela em seu traço e nas temáticas que aborda o talento de quem quer provocar o leitor. “A novela gráfica Mensur é um exemplo, ao expor na força de seu desenho a capacidade de discutir ‘cicatrizes’, no sentido mais profundo e complexo do termo”, observa o coordenador da Jornada.

Roger Mello é um dos ilustradores mais premiados do Brasil. Está, na Jornada, apresentando-se com sua primeira produção literária para o leitor adulto. “O livro W tem como um dos eixos temáticos a questão da cartografia, o que, de certa forma, nos interessa, já que teremos uma cartografia leitora no aplicativo da Jornada, o JornadApp, no ‘Projeto Transversais: Rotas Leitoras’”, revela.

Zeca Camargo dispensa apresentações, é uma figura polivalente. “Ele transita por múltiplas mídias, que faz uma literatura cartográfica, de viagens, ao mesmo tempo associando-se à grande mídia, à comunicação televisiva. De certa forma, estamos trabalhando com a imagem na amplitude do que se entende pelo termo”, destaca Rettenmaier.

Inscrições para a Jornada e Jornadinha
A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura são realizadas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios do Banrisul, da Corsan, do Sesi, da BSBIOS e da Companhia Zaffari & Bourbon e com o apoio do Ministério da Cultura, além da parceria cultural do Sesc, dentre outras empresas e órgãos.

As inscrições para a Jornada e para a Jornadinha estão abertas e são limitadas. Os interessados devem se inscrever no portal www.upf.br/16jornada. A programação completa também está disponível no site da Jornada. Informações podem ser obtidas pelo e-mail jornada@upf.br ou pelo telefone (54) 3316-8368.

Sobre os autores da mesa “Literatura e imagem: além dos limites do real”:

Pedro Gabriel
Pedro Antônio Gabriel Anhorn nasceu no coração do mundo. Mais precisamente em N´Djamena, no ano de 1984. Passou a parte mais bonita de sua infância na África, alternando entre a capital do Chade e o arquipélago de Cabo Verde. É filho de mãe brasileira e pai suíço, mas foi alfabetizado em francês. Sem saber falar português corretamente, chegou ao Brasil em 1996 com uma mala cheia de brinquedos e lembranças. A partir da dificuldade na adaptação ao idioma, começou a prestar mais atenção na grafia e na sonoridade das palavras, a brincar com elas, a tentar entendê-las. Transformou esse distanciamento de 12 anos em poesia. Cada vez que desenha ou escreve, tem a sensação de pagar uma dívida com a sua língua materna. Sua arte o aproxima do que ele é. Em outubro de 2012, inaugurou a página “Eu me chamo Antônio” nas redes sociais para compartilhar o que rabiscava com caneta hidrográfica em guardanapos nas noites em que batia ponto no Café Lamas, um dos bares mais tradicionais do Rio de Janeiro. É publicitário, formado pela ESPM-RJ, e autor dos livros Eu me chamo Antônio (2013); Segundo – Eu me chamo Antônio (2014); e Ilustre Poesia (2016), todos publicados pela Editora Intrínseca.
Obras indicadas: Eu me chamo Antônio; Segundo – Eu me chamo Antônio; Ilustre Poesia.

Rafael Coutinho
Rafael Coutinho é quadrinista, artista plástico e editor. Nascido em São Paulo em 1980, se formou em Artes Plásticas pela Unesp em 2004. Como autor, é conhecido pelos livros Cachalote, parceria com o escritor Daniel Galera (Quadrinhos na Cia - 2010), O Beijo Adolescente 1, 2 e 3 (ed. Cachalote) e As Aventuras do Barão de Munchausen (ilustrador Cosac Naify - 2014) e Forrest Gump (Ed. Aleph -  2016). Como editor, foi dono do selo Cachalote/Narval (2010-2016) e do site de quadrinhos Nébula, do Medium (2015). Como curador, participou dos eventos Bienal de Quadrinhos 2016 e da exposição Ocupação Laerte, no Itaú Cultural (2015), além de coordenador e idealizador do evento DES.GRÁFICA, no MIS-Museu da Imagem e do Som – SP (2016).
Obras indicadas: Mensur; Cachalote; O beijo adolescente; O beijo adolescente 2.

Roger Mello
Roger Mello é ilustrador, escritor e diretor de teatro. Vencedor, na categoria Ilustrador, do Prêmio Hans Christian Andersen, concedido pelo International Board on Books for Young People (IBBY) e considerado o Prêmio Nobel de Literatura Infantil e Juvenil. É hors-concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Vencedor de 10 Prêmios Jabuti. Roger recebeu o Chen Bochui International Children’s Literature Award como melhor autor estrangeiro na China.
Obras indicadas: W.

Zeca Camargo
Iniciou sua carreira como repórter em 1987 quando trabalhava na Folha de S. Paulo e foi enviado para Nova York, EUA. Quando retornou ao Brasil, foi chamado para trabalhar na MTV, onde tornou-se diretor de jornalismo e apresentou o programa ";;MTV no Ar";;. Em 1994, passou a comandar o programa ";;Fanzine";; na TV Cultura e, mais tarde, virou editor da revista ";;Capricho";;. Depois disso, em 1996, foi chamado pela Rede Globo para apresentar o quadro ";;Altos Papos";; no Fantástico. Na mesma emissora, apresentou o reality show ";;No Limite";;. Hoje, é escritor, editor-chefe e apresentador do ";;Fantástico";;.
Obras indicadas: 1000 lugares fantásticos no Brasil; Isso aqui é seu; Novos olhares; De A-ha a U2.

Por: Assessoria de Imprensa UPF
(Fotos: Divulgação e Arquivo/Fabiana Beltrami)

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Atualizado em 28 de junho de 2017.

Jornada lança aplicativo para “caçar” livros

Aplicativo na área de gamificação da leitura incentiva público a interagir de um jeito atrativo

Na 16ª edição da Jornada Nacional de Literatura, o público não fará apenas a leitura prévia das obras dos escritores que estarão participando de uma das maiores movimentações literárias da América Latina, que acontecerá em Passo Fundo/RS. Além de ler, estudantes, professores e a comunidade em geral terão a oportunidade de interagir com os livros, por meio do JornadApp, aplicativo oficial da Jornada, que tem como base obras literárias. O lançamento da plataforma aconteceu nesta quarta-feira, 21 de junho, na Universidade de Passo Fundo (UPF), durante o segundo encontro do curso de extensão para formação dos agentes de leitura, que atuarão no período da Pré-Jornada e Pré-Jornadinha.

O JornadApp integra as atividades da Pré-Jornada e da Pré-Jornadinha, que envolvem o período de leitura das obras dos autores que participarão da Jornada e da Jornadinha, em outubro. O programa consiste em um jogo por aplicativo em sistema Android ou iOS, disponibilizando download e upload de dados. A plataforma, para as atividades de Pré-Jornadinha, estará aberta entre os dias 26 de junho a 17 de julho para cumprimento das tarefas, que serão avaliadas pela comissão das Jornadas Literárias.

O sistema possui duas funcionalidades e atinge públicos diferentes. Uma delas é o “JornadApp na Escola”, que é uma espécie de game, destinado aos alunos do ensino fundamental e integra a Pré-Jornadinha. Já a outra funcionalidade abrange o “Projeto Transversais: rotas leitoras”, que também integra a Pré-Jornada e é voltada a qualquer pessoa, em especial o público jovem, que terá que percorrer rotas pela cidade de Passo Fundo, ";caçando&quo personagens e demais informações de obras indicadas para a Jornada.

O JornadApp acompanha as novas formas de difusão da literatura no meio digital. Um dos coordenadores da Jornada, Miguel Rettenmaier, ressalta que a literatura, que por muitos anos ficou limitada ao universo real, físico, agora segue a tendência da vida, que está cada vez mais on line. “Os computadores e os mobiles são os novos habitats da escrita e, sobretudo, da leitura, no novo enlace das palavras com o som e a imagem. A difusão da literatura em meio digital, assim, parte dos livros digitalizados e alcança as demais publicações nas redes, até outros dispositivos, mais provocativos quanto à interação direta com a recepção”, destaca Rettenmaier.

O aplicativo da Jornada é considerado inovador na área da gamificação da leitura e uma forma de tornar a leitura um hábito prazeroso. “É um software com jogos que têm como base de conteúdo as obras literárias. De alguma forma, esses jogos buscam mediar a leitura por um apelo que é também elemento essencial da leitura da literatura:  o prazer, o enigma”, enfatiza a também coordenadora da Jornada, Fabiane Verardi Burlamaque.

A vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, Bernadete Maria Dalmolin, ressalta que o aplicativo contribui com a democratização da leitura e da literatura, um dos principais objetivos da Jornada. “Com o intuito de, de forma prazerosa, democratizar a literatura e a leitura, pensamos em maneiras de fazer com que elas chegassem mais próximas da comunidade. E, dessa forma, surgiu a ideia do aplicativo, que é uma forma atrativa de incentivar a leitura, com o propósito de contribuir para uma sociedade mais crítica e reflexiva, capaz de fazer transformações positivas no mundo”, ressalta a vice-reitora.

O software foi desenvolvido por Thiago Vanzo Ambrosi, com conteúdo elaborado pela comissão organizadora das Jornadas, com apoio de alunos e voluntários. “Logo que a comissão da Jornada me apresentou a ideia, percebi que era algo inovador. O aplicativo integra várias funcionalidades de interação em um celular como leitura de QRcode e posicionamento georreferenciado, por meio de mapas. O usuário tem que ter o conhecimento prévio das obras para poder interagir e responder às atividades. É o melhor dos dois mundos: integra o conhecimento literário e os recursos da tecnologia”, comenta o desenvolvedor do aplicativo.

A BSBIOS está patrocinando o aplicativo. O diretor industrial da empresa, Ézio Slongo, destaca a importância de incentivar a leitura em suas diversas possibilidades. “A empresa está muito feliz em participar desse projeto. Passo Fundo é a Capital Nacional de Literatura e esse projeto reforça ainda mais esse título. É importante sempre incentivar a leitura, especialmente para as crianças, que são o nosso futuro”, enfatiza Slongo.

A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura, que acontecem de 2 a 6 de outubro, são realizadas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios do Banrisul, da Corsan, do Sesi, da BSBIOS e da Companhia Zaffari & Bourbon e com o apoio do Ministério da Cultura, além da parceria cultural do Sesc, dentre outras empresas e órgãos. As inscrições para participar dos eventos estão abertas e devem ser feitas no site www.upf.br/16jornada.

O aplicativo pode ser baixado por meio de lojas on-line de aplicativos: App Store (IOS) e Play Store (Android).

JornadApp na Escola
O JornadApp na escola é destinado aos alunos de ensino fundamental (1º ao 9º ano) e integra a Pré-Jornadinha. Nessa parte do aplicativo, há atividades destinadas a estudantes em conformidade com os anos escolares dos grupos inscritos. Para que uma equipe possa participar, é necessário um dispositivo por grupo, de forma que a equipe possa cumprir as tarefas em sistema de gamificação da leitura.

A plataforma estará aberta de 26 de junho a 17 de julho para o cumprimento das tarefas, as quais devem ser desenvolvidas por turmas escolares, mediante a liderança de um professor (líder de equipe). Nessa dinâmica, é fundamental o apoio dos agentes de leitura, que estão sendo formados no curso de extensão ";A leitura multiplicada: a formação do agente de leitura"; e que já estão colaborando para aproximar a escola das Jornadas.

O aplicativo está programado para auxiliar o professor quanto às obras propostas para as diferentes etapas de ensino. O professor, ao apresentar-se e ao registrar a turma, será encaminhado às atividades em cada obra, e as tarefas estarão associadas aos livros da Jornadinha. Cada atividade será representada pela capa da obra.

O jogo não será entre escolas, mas entre as turmas da própria instituição. Não há limite de participação de turmas por escola. As atividades têm diferentes dificuldades e pontuações.  Os mais bem pontuados internamente, na escola, serão anunciados como vencedores. “O que vale é a motivação de se trabalharem várias obras coletivamente, com atividades compartilhadas, assumidas pelos grupos”, destaca a coordenadora Fabiane.

Projeto Transversais: rotas leitoras

O Projeto Transversais: rotas leitoras, que será disponibilizado em breve, é outra parte do aplicativo que permitirá ao caminhante andar pela cidade, por caminhos diversos, pelos pontos turísticos e locais históricos da cidade com informações na rota escolhida, via mapas. O aplicativo apresentará um leitor QRcode a ser acionado pelo celular. O caminhante se inscreverá individualmente no aplicativo, mas poderá realizar os trajetos em grupo, caso desejar.

Ao final da rota, o caminhante receberá um certificado de Pré-Jornada. “Há vários trajetos, associados às temáticas da Jornada: Rotas dos Monstros e Medos; Rota das imagens; Rota dos homenageados e Rota da Igualdade. A primeira delas é uma narrativa pela qual o caminhante ajuda a protagonista a fugir de um mundo invadido por monstros”, revela o coordenador Rettenmaier.

Agentes de leitura têm papel fundamental

O lançamento do JornadApp ocorreu durante o segundo encontro do curso de extensão “A leitura multiplicada: a formação do agente de leitura";, que prepara os professores voluntários, que serão os responsáveis pela mobilização e pelo planejamento da leitura das obras em cada escola durante as ações da Pré-Jornada e da Pré-Jornadinha. De acordo com a vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, os agentes de leitura têm papel fundamental no auxílio das tarefas do JornadApp. “A importância de todos vocês para a Jornada é fundamental, especialmente a dos agentes de leitura, que, de forma voluntária, ajudarão nessa aproximação com as escolas em prol da literatura e da leitura”, afirma Bernadete.

Por: Assessoria de Imprensa UPF
(Fotos: Gelsoli Casagrande)


 

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Atualizado em 27 de junho de 2017.

Retificado edital do Prêmio Literário

Modificações estão na publicação oficial da Prefeitura de Passo Fundo do dia 24 de junho

O edital que trata da inscrição e premiação do concurso para a concessão do Prêmio Literário Cidade de Passo Fundo sofreu algumas modificações, conforme publicação oficial da Prefeitura de Passo Fundo do dia 24 de junho. Uma das modificações diz respeito à titulação dos inscritos, sendo que de “autor/tradutor”, o texto mudou para apenas “autor”.

Outra modificação está no item 2.1, que trata das condições das publicações a serem aceitas. De acordo com o novo texto, poderão se inscrever autores com obras lançadas em um período de até dois anos anteriores à data do último dia de inscrição ao concurso, ou seja, até 1º de agosto de 2015. Serão aceitas obras de nascidos, residentes ou que tenham publicado obras no município de Passo Fundo.

A partir da retificação fica também determinado que a data de publicação da obra com mês e ano deverá ser comprovada na impressão ou, excepcionalmente à inscrição, deverá ser anexada a nota fiscal da gráfica, comprovando a data de impressão do livro e a informação de que se trata de 1ª edição. Ainda, que caso a 1ª edição estiver esgotada, o autor poderá confeccionar as cinco obras necessárias para a inscrição no prêmio.

O limite de obras a serem inscritas também mudou. De acordo com o novo texto, o limite será de quatro obras por autor, sendo uma por categoria e não haverá limite de obras inscritas no geral.

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Atualizado em 26 de junho de 2017.

Poeta dos poetas

Augusto Massi é um dos coordenadores de debates da Jornada em 2017

Augusto Massi é um poeta dos poetas porque, além de escrever poesia, procura dar visibilidade ao trabalho de outros poetas. Até hoje, ele publicou somente três livros de sua autoria, mas quase perdeu as contas de quantas obras organizou e publicou de outros poetas estreantes e consagrados. A vida dele gira em torno da poesia, seja como autor, editor, professor ou crítico. Uma de suas próximas obras reunirá ensaios e críticas literárias realizadas por um dos maiores poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade. Também prepara um volume, intitulado Mal-entendido, que reunirá seus três primeiros livros de poesia e mais um inédito. Ao lado dos escritores Alice Ruiz e Felipe Pena, Massi é um dos coordenadores de debates da 16ª Jornada Nacional de Literatura, que acontece de 2 a 6 de outubro, na Capital Nacional da Literatura, em Passo Fundo/RS.

É formado em Jornalismo (PUC) e em Letras (USP). Em 2017, Augusto Massi completa 27 anos como professor de literatura brasileira na Universidade de São Paulo. Além disso, tem uma carreira profícua de editor em casas editoriais renomadas como Editora 34 e Cosac Naify. Como jornalista já entrevistou Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Raduan Nassar, Chico Buarque, entre outros. Poeta, professor, jornalista e editor: experiências que se completam. “Sempre tive paixão por jornal e trabalhei muito tempo cuidando das editorias de cultura e literatura. Também tive vínculo com editoras, dirigindo coleções de críticas e de poesia. E completo 27 anos como professor de literatura na universidade. Discretamente, passeio por cada uma dessas atividades, sendo conhecido de maneiras distintas. Mas, a poesia é o centro de tudo. Há um olhar poético presente em todas essas atividades”, afirma Massi.

A paixão pela literatura é uma influência familiar. Os seus pais sempre incentivaram o hábito da leitura em casa. Em 1991, publicou seu primeiro livro de poemas: Negativo, pela Companhia das Letras. Em 2001, foi a vez de A vida errada, pela editora carioca 7 Letras e, em 2016, em parceria com a poeta Lu Menezes, Gabinete de Curiosidades, pela Luna Parque. “Brinco que me considero quase um poeta póstumo. Atuo com certa regularidade nas demais áreas, porém, como poeta, deixei crescer um abismo de dez anos entre o primeiro e o segundo livro, assim como entre o segundo e o terceiro”, conta o escritor.

Massi revela que está trabalhando em um novo projeto, que reunirá as três obras - Negativo, A vida errada e Gabinete de Curiosidades - e mais uma inédita. O título, por enquanto, é “Mal-entendido” e será lançada pela 7 Letras. “Esse volume permitirá que as pessoas possam conhecer o meu trabalho e tenham uma visão da trajetória deste poeta que escreve muito, mas publica raramente. Acredito que a publicação ocorra no início do próximo semestre”, revela Massi.

Obra reunirá críticas de literatura feitas por Drummond
Carlos Drummond de Andrade é um dos escritores homenageados na Jornada de Literatura, ao lado de Clarice Lispector, Moacyr Scliar e Ariano Suassuna. Massi, durante sua trajetória como jornalista, entrevistou Drummond, com quem passou a ter um contato mais frequente a partir da entrevista.

O crítico e professo considera Drummond o poeta do seu lado esquerdo. “É um poeta do coração, mas que também não me sai da cabeça, porque é um poeta reflexivo. Dentro da poesia brasileira, é um autor cujo traço de maior identidade está vinculado a uma postura quase filosófica. É o poeta da interrogação, da problematização, dos obstáculos: “No meio do caminho tinha uma pedra. / Nunca me esquecerei desse acontecimento/ na vida de minhas retinas tão fatigadas”. Sempre foi a grande referência para mim. Quando organizei uma coleção de poesia brasileira contemporânea, “Claro Enigma”’ [SP: Editora Duas Cidades, 1988), retirei o título de uma obra de Drummond, que também era o poeta preferido do meu pai”, declara.

Massi já organizou três livros de Drummond - Poesia traduzida, Confissões de Minas e Passeios na ilha -, dá aula sobre o poeta na USP e a sua mais recente homenagem ao escritor mineiro será a organização de um volume reunindo ensaios, resenhas e críticas literárias, dispersos e inéditas em livro.  A obra ainda não tem título definido, mas deverá ficar pronta em 2018. Há mais de sete anos, Massi vem pesquisando e garimpando em revistas e jornais antigos: “Já encontrei cerca de trinta textos críticos escritos por Drummond e desconhecidos do grande público. Entre eles, um sobre Cecília Meireles, outro, por exemplo, sobre Álvares de Azevedo. Há também comentários sobre poetas estrangeiros. Mesmo os que se dedicam ao estudo da obra de Drummond desconhecem a maioria desses textos. É um belo material”, revela o escritor.

Estreando na Jornada
Augusto Massi é mestre em Literatura Espanhola e Hispano-americana (1992), doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (2004) e vem se dedicando ao estudo da poesia modernista, à prosa, à crônica e ao memorialismo. “Além de professor, pesquisador, editor e crítico literário, Augusto Massi costuma refletir sobre as questões ligadas à teoria literária. Estamos muito contentes em receber essa grande referência da literatura contemporânea”, destaca Fabiane Verardi Burlamaque, da coordenação da Jornada Nacional de Literatura.

Massi nunca participou diretamente das Jornadas, mas manifesta a maior admiração por sua militância histórica em torno da formação de leitores e da defesa fundamental da literatura. “Embora nunca tenha participado, sempre admirei o pioneirismo, a postura pedagógica e a visada crítica das Jornadas. Muito antes, por exemplo, da Festa Literária de Parati, as Jornadas tinham como característica engajar toda uma cidade e de ser uma ampla festa com a participação de escritores nacionais e internacionais. Estou muito honrado com o convite. Espero de alguma forma poder contribuir e colaborar. Sem sombra de dúvida, para mim, esta será uma experiência nova e enriquecedora”.

O escritor faz questão de destacar que a Jornada possui um diferencial dentre as demais movimentações literárias do país: “As Jornadas trabalham com a formação de jovens leitores ao longo de todos o ano. Me parece que este é o ponto decisivo: reunir crianças e adultos em torno do livro. Não enfatizando tanto o consumidor, mas, acima de tudo, o cidadão. O alto índice de alfabetização não é um dado isolado. Penso que reflete e reafirma uma conquista do Rio Grande do Sul. As Jornadas surgem num estado onde a cultura tem uma agenda, com dicção própria e, ao mesmo tempo, aberta a resto do país. Penso na força da Feira do Livro de Porto Alegre, na Fundação Iberê Camargo, no Festival de Gramado ou na Bienal do Mercosul. Isso sem falar na rica história editorial do estado que agora vem sendo revitalizada com editoras jovens e independentes”, comenta Massi.

A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura são realizadas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios do Banrisul, da Corsan, do Sesi, da BSBIOS e da Companhia Zaffari & Bourbon e com o apoio do Ministério da Cultura, além da parceria cultural do Sesc, dentre outras empresas e órgãos. As inscrições para a Jornada e para a Jornadinha estão abertas e são limitadas. Os interessados devem se inscrever no portal www.upf.br/16jornada. A programação completa também está disponível no site da Jornada. Informações podem ser obtidas pelo e-mail jornada@upf.br ou pelo telefone (54) 3316-8368.

Por: Assessoria de Imprensa UPF
(Foto: Divulgação)


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Atualizado em 20 de junho de 2017.

Feminismo, poesia, música e haikai

Alice Ruiz é coordenadora de debates na 16ª Jornada Nacional de Literatura

O encontro de Alice Ruiz com as palavras começou ainda na infância. Das primeiras frases colocadas no papel até hoje nunca mais se separaram. Desse encontro nasceram contos, poemas, músicas e haikais que fizeram de Alice um nome importante da literatura brasileira. Em outubro, entre os dias 2 e 6, a escritora tem um novo encontro com as palavras, dessa vez em Passo Fundo/RS, não com o objetivo de colocá-las no papel, mas para exercer um papel tão importante quanto esse: ao lado dos escritores Augusto Massi e Felipe Pena integra o time de novos coordenadores de debates da 16ª Jornada Nacional de Literatura, uma das maiores movimentações literárias da América Latina.

Poeta consagrada, Alice garante que não escolheu a poesia. “Não acho que foi uma decisão, não sinto como uma escolha, pelo contrário, acho que a arte nos escolhe e a poesia em especial. Talvez a gente tenha algum tipo de desvio e a poesia nos pega de soslaio”, brinca a escritora. De soslaio também parecem vir os poemas que, não necessariamente nascem de uma temática específica, mas do amor que a escritora nutre pelas próprias palavras. “Eu acho que tem muitos poemas sobre a própria palavra. Eu sou muito apaixonada pela palavra. Muitos poemas tiveram origem sobre o pensamento da própria palavra. Eu fico atenta a tudo que está acontecendo e de repente o que mais me move vai para o papel”, comenta.

Assim como a poesia, outro talento que nasceu de forma espontânea para a Alice foi a composição de canções. Foi graças à popularização do rock no Brasil – que coincidiu com sua pré-adolescência – que escreveu suas primeiras letras, mesmo sem saber. “Eu cantava algumas músicas, mas queria saber o que estava cantando, então comecei a brincar de traduzir. Quando meu inglês não dava conta, eu inventava, mas sempre dentro a melodia procurando ser fiel às rimas e à emoção que a melodia transmitia. Estava me tornando letrista e não sabia. Mais uma vez não foi intencional”, lembra.

Apesar da naturalidade com que entrou nos dois mundos, Alice faz questão de deixar claro que poema e música, mesmo que se cruzem em determinados momentos, são muito diferentes. Na opinião dela, a letra tem características próprias, pede mais coloquialidade e muito mais diretidade do que o poema no papel. A principal questão, no entanto, é o tempo. “O tempo que o poema pede é amplo, você pode ir e voltar várias vezes. Às vezes você não entende de primeira, mas pode voltar. A letra não, para ela captar a sua atenção tem que ser imediatamente ou não. Acho que essa é a principal diferença”, explica. O que os assemelha, é que, para Alice, tanto um quanto o outro precisam nascer de uma ideia.

Natureza e feminismo
Essa ideia, no caso do haikai, pode vir da própria natureza. Formato de poema constituído de três versos, muito comum no Japão, com temática geralmente associada à observação da natureza, o haikai se popularizou no Brasil principalmente pelo trabalho que Alice desenvolve. Sobre o formato, a escritora conta que o que mais lhe encanta é a concisão e o fato de ser sobre a natureza, outra de suas paixões. “Eu moro em uma casa e tenho jardim, mas se não tivesse um teria vasos cheios de plantas, porque preciso estar sempre lidando com a terra, plantando, vendo brotar, isso me alimenta. Quando eu me deparei com o haikai pela primeira vez eu já fazia alguma coisa parecida, percebi que tinha um embrião de haikai no que eu fazia e comecei a estudar”, comenta. Foram mais de 20 anos de estudo até que Alice começasse a ensinar.

Além do estudo do haikai, Alice também dedicou parte de sua vida a estudar o feminismo. Quando nova, conta que era considerada a ovelha negra da família. “Chamavam-me de rebelde”, lembra. Foi nas páginas de Memórias de Uma Moça Bem Comportada, da escritora Simone de Beauvoir, que entendeu que nada tinha de revoltada. “Eu simplesmente não me submetia a um sistema que considerava injusto, então comecei a ler e estudar muito sobre o feminismo”, conta. Apesar dos anos de estudo, Alice garante que só passou a entender visceralmente a desigualdade quando sua filha Áurea começou, ainda muito pequena, a imitá-la. “Eu percebi que por mais teoria que a gente tivesse - porque eu me reunia com amigas e conversava muito sobre isso - ainda assim eu me via reproduzindo atitudes machistas e a minha filha me mostrou isso me imitando como um espelho. Foi quando eu parei tudo e falei ação!”, ressalta.

Do outro lado do balcão

Em outubro, Alice sobe ao palco da 16a Jornada Nacional de Literatura para mediar importantes debates. Para ela, que já participou da Jornada em 1991, dessa vez é como estar do outro lado do balcão, desempenhando um papel completamente diferente. “E eu achei maravilhoso isso porque desafia e tudo que nos desafia é bem-vindo. Eu estava pensando bastante em como conduzir esses debates e quero conhecer bem os autores que eu vou mediar. Acho que tudo que eu já admirei em mediações das quais eu era a mediada e tudo que eu achei que não se deve fazer eu vou levar em conta para desempenhar essa função”, ressalta.

Sobre levar questões importantes como a igualdade de gêneros a um espaço como o da Jornada ela é categórica: “Acho que nós estamos em um momento muito contraditório em relação a esse tema. Por um lado estamos vendo um projeto de retrocesso muito grande e por outro um avanço muito grande e nós não estamos querendo abrir mão das conquistas já adquiridas e também não estamos tolerando mais essa violência. É uma coisa que a gente precisa discutir e muito e acho importante se levar a público e num evento que reúne pessoas dispostas a pensar, finaliza.

Mais sobre a escritora
Poeta e haikaista, Alice Ruiz nasceu em Curitiba, Paraná, em 22 de janeiro de 1946. Começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Aos 26 anos publicou pela primeira vez seus poemas em revistas e jornais culturais. Lançou seu primeiro livro aos 34 anos. De lá para cá publicou 21 livros, 21 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil.

Compõe letras desde os 26 anos - tem diversas canções gravadas por parceiros e intérpretes. Lançou, em 2005, seu primeiro CD, o Paralelas, em parceria com Alzira Espíndola, pela Duncan Discos, com as participações especialíssimas de Zélia Duncan e Arnaldo Antunes. Para conhecer essas gravações e os parceiros da poeta, dê uma olhadinha na Discografia

Antes da publicação de seu primeiro livro, Navalhanaliga, em dezembro de 1980, já havia escrito textos feministas, no início dos anos 1970 e editado algumas revistas, além de textos publicitários e roteiros de histórias em quadrinhos. Alguns de seus primeiros poemas foram publicados somente em 1984, quando lançou Pelos Pêlos pela Brasiliense. Já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro Vice Versos e o Jabuti de Poesia, de 2009, pelo livro Dois em Um.

Já participou do projeto Arte Postal, pela Arte Pau Brasil; da Exposição Transcriar - Poemas em Vídeo Texto, no III Encontro de Semiótica, em 1985, SP; do Poesia em Out-Door, Arte na Rua II, SP, em 1984; Poesia em Out-Door, 100 anos da Av. Paulista, em 1991; da XVII Bienal, arte em Vídeo Texto e também integrou o júri de 8 encontros nacionais de haikai, em São Paulo.

Tem poemas traduzidos e publicados em antologias nos Estados Unidos, Bélgica, México, Argentina, Espanha e Irlanda, tendo sido também convidada como palestrante na Bienal de Lenguas da América no México e na Europalia Brasil em Bruxelas.

A Jornada
A 16ª Jornada Nacional de Literatura é realizada pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. As Jornadas Literárias renderam à cidade o título de Capital Nacional da Literatura, reconhecida pela lei nº 11.264/2006, e de Capital Estadual de Literatura, pela lei nº 12.838/2007. Nesta edição, além de serem realizadas no Campus I da UPF, as atividades serão estendidas por diversos espaços culturais de Passo Fundo, com ações como o “Projeto transversais: rotas leitoras”, o “Livros na mesa: leituras boêmias” e o “Caminho das artes”.

Em 2017, as Jornadas Literárias também homenagearão quatro grandes escritores brasileiros: Moacyr Scliar, Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, contemplando sua trajetória e as obras que marcaram suas carreiras. Os espaços da Jornada receberão o nome desses escritores.

O Palco de Debates, denominado nesta edição de Palco da Compadecida, ressurge dentro da grande lona, agora denominada Espaço Suassuna. Para comandar as temáticas da Jornada, foram convidados Augusto Massi, Felipe Pena e Alice Ruiz, que mediarão os seguintes debates: “Por elas: a arte canta a igualdade”, “Centauro, pedra, rosa e estrela: Scliar, Suassuna, Drummond, Clarice”, “Monstros e outros medos colecionáveis” e “Literatura e imagem: além dos limites do real”. Entre os escritores confirmados estão Affonso Romano de Sant'Anna, Bráulio Tavares, Cintia Moscovich, Conceição Evaristo, Julián Fuks, Marina Colasanti, Mário Corso, Michel Laub, Nádia Battella Gotlib, Pedro Gabriel, Rafael Coutinho e Zeca Camargo.

Mais informações sobre a Jornada Nacional de Literatura podem ser obtidas por meio do site do evento (www.upf.br/16jornada).

Por: Assessoria de Imprensa
(Fotos: Divulgação)


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Atualizado em 20 de junho de 2017.

Felipe Pena além do cânone

O jornalista, escritor, psicanalista e doutor em Letras é um dos coordenadores de debates da Jornada

A 16ª edição das jornadas literárias, um dos maiores eventos literários da América Latina, tem como uma das principais características, nesses 36 anos de existência, a inovação. A Jornada Nacional de Literatura acontecerá de 2 a 6 de outubro, em Passo Fundo/RS, e, nesta edição, o palco principal terá, depois de alguns anos, novos coordenadores de debates. Um deles é Felipe Pena, que é escritor, jornalista, psicanalista e duas vezes finalista do Prêmio Jabuti. Com um currículo diverso e posições firmes, Felipe não se importa com opiniões contrárias, na verdade, parece adorar que o contrário apareça, porque, como ele mesmo já disse: “Só não muda de ideia quem não tem ideia”. Além de Felipe Pena, os escritores Alice Ruiz e Augusto Massi também integram a coordenação dos debates da Jornada.

Para um dos coordenadores da Jornada Nacional de Literatura, Miguel Rettenmaier, Felipe Pena é um pesquisador que se interessa pela literatura além dos limites do cânone, ou seja, fora de um padrão estético consagrado. Rettenmaier cita, por exemplo, a obra Geração Subzero, organizada pelo escritor, que reúne uma coletânea de contos de vinte autores que, frequentemente, não são levados a sério pelo restrito mundo dos críticos literários. “É o criador da expressão ‘Geração Subzero’, relativa a escritores que são adorados pelo público, mas esquecidos, ‘congelados’ pela academia e pela crítica. Queríamos alguém com uma visão ampla da estética literária, pluralizada em várias tendências”, ressalta o coordenador.
 
Apesar desse feedback sobre o escritor, Felipe Pena não gosta de se autodefinir. “Não me autodefino, porque são os outros os nossos narradores. Nossa história não nos pertence”, afirmou Pena. Quando perguntado sobre a sua expectativa em coordenar mesas de debate da Jornada de Literatura em Passo Fundo, o autor foi bem direto. “Só quero propor questões que interessem aos leitores. Essa é a missão do mediador. Quando não se cria expectativa, as coisas fluem melhor”, pontua, enfatizando que sempre ouviu falar da Jornada e que cresceu acompanhando os debates e lendo obras de muitos escritores que participaram do evento.
 
Felipe Pena também é um dos autores do Manifesto Silvestre, escrito em 2010, em defesa da narrativa, do entretenimento e da popularização da literatura, com o objetivo de apresentar algumas propostas para a literatura brasileira contemporânea. Nesse sentido, Pena salienta a importância de uma literatura inclusiva. “Escrevemos o Manifesto Silvestre há sete anos, desde lá, mudei algumas posições, mas ressalto que a literatura não pode ser elitista, um discurso para poucos. Escrever fácil não significa escrever de forma superficial. Escrever fácil é muito difícil porque significa a tradução da complexidade. É traduzir conceitos e sentimentos com signos linguísticos. Conceitos e sentimentos que são altamente complexos e, portanto, difíceis de serem expostos em linguagem acessível”, afirma o escritor.
 
O envolvimento do escritor com a literatura começou muito cedo. “Quando eu tinha quatro anos de idade, meu avô espanhol ficava lendo contos galegos e russos, poemas de Rosalía de Castro, contos de Tolstói. Dá pra imaginar? Esse foi meu primeiro contato com poemas e contos altamente complexos. Pela minha própria formação, tudo na minha vida tem a ver com a escrita. Eu vivo de escrever. A escrita é meu pão, como professor, como roteirista, como psicanalista, como romancista, tudo que me sustenta vem da escrita”, declarou Pena.

Nova trilogia

Para este ano, o escritor prepara a trilogia da mídia. Ele foi duas vezes finalista do prêmio Jabuti, nas categorias biografia e comunicação, mas nenhuma vez na categoria romance, embora tenha três publicados, entre eles o Fábrica de Diplomas, que já foi traduzido para o espanhol e alemão. “Agora estou escrevendo esse quarto romance, que é o primeiro de uma trilogia histórica sobre o Brasil”, revela Pena.
 
Cada uma das obras da trilogia abrange um personagem narrador, um período histórico e um tipo de mídia. No primeiro romance, conforme descreve Pena, o período histórico se dá entre o Golpe de 1964 e o Golpe de 2016, narrado por um personagem português que enxerga o mundo através do que passa na televisão.
 
No segundo romance, o período da história acontece entre a Revolução de 1930 e o Golpe de 1964. A história é narrada por um índio e a mídia utilizada como linguagem de visão de mundo é o rádio.  Já o terceiro romance começa no período da Proclamação da República, em 1889, estendendo-se até a Revolução de 1930. A narração é feita por um negro, recém-liberto, e o veículo pelo qual o personagem vê o mundo é o jornal.
 
Pena afirma que as obras retratam, de certo modo, a forma como as pessoas costumam conhecer a história e as coisas que se passam no mundo. “Os personagens narram esses períodos históricos baseados em um meio de comunicação. Eles veem o mundo pelo meio de comunicação e é assim que acontece conosco: vemos o mundo através da mediação de um meio de comunicação e você sabe que eles manipulam, né?”, provoca o escritor.
 
Ele estima concluir a trilogia em setembro deste ano. Os romances serão publicados pela editora Record.
 
Um pouco mais sobre o autor
Felipe Pena é jornalista, escritor e psicanalista. Iniciou como repórter de televisão na Manchete e também foi comentarista da GloboNews. Fez doutorado em Literatura na PUC-Rio, pós-doutorado em semiologia da imagem na Sorbonne 3 e foi visiting scholar da NYU. Hoje, é professor de roteiro na Universidade Federal Fluminense (UFF), escritor, colunista do Jornal Extra do Rio de Janeiro e apresentador do programa Viva Roda, na web.
 
É autor de 15 livros, entre romances, biografias, crônicas e ensaios sobre comunicação e cultura. Na área da ficção, o escritor publicou três romances pela editora Record: Fábrica de diplomas; O marido perfeito mora ao lado; e O verso do cartão de embarque. Eles formam a trilogia do Campus. “Eles têm em comum o cenário, campi universitários; o personagem principal, o investigador-psicanalista Antonio Pastoriza; a abordagem psicanalítica dos personagens e a narrativa dupla, sempre alternando uma história de amor e uma investigação policial. Mas são muito diferentes no conteúdo, a começar pela própria escolha da abordagem psicanalítica. No primeiro romance, Sandor Ferenczi é o norte teórico. No segundo, avanço com o próprio Freud. E no terceiro minha escolha é Lacan”, comenta Pena.
 
Na área de ensaios acadêmicos, publicados pela editora Contexto e Cassará, o destaque é para o livro No Jornalismo não há fibrose (2013), que foi finalista do prêmio Jabuti. Já na área de crônicas, roteiros e biografias, Pena foi diretor de análise de conteúdo da Rede Globo e, segundo ele, publicou seus piores roteiros no livro Meus fracassos na TV. Também publicou livros de crônicas e a biografia de Adolpho Bloch, finalista do Jabuti em 2011.
 
A Jornada

A 16ª Jornada Nacional de Literatura é realizada pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. As Jornadas Literárias renderam à cidade o título de Capital Nacional da Literatura, reconhecida pela lei nº 11.264/2006, e de Capital Estadual de Literatura, pela lei nº 12.838/2007. Nesta edição, além de serem realizadas no Campus I da UPF, as atividades serão estendidas por diversos espaços culturais de Passo Fundo, com ações como o “Projeto transversais: rotas leitoras”, o “Livros na mesa: leituras boêmias” e o “Caminho das artes”.
 
Em 2017, as Jornadas Literárias também homenagearão quatro grandes escritores brasileiros: Moacyr Scliar, Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, contemplando sua trajetória e as obras que marcaram suas carreiras. Os espaços da Jornada receberão o nome desses escritores.
 
O Palco de Debates, denominado nesta edição de Palco da Compadecida, ressurge dentro da grande lona, agora denominada Espaço Suassuna. Para comandar as temáticas da Jornada, foram convidados Augusto Massi, Felipe Pena e Alice Ruiz, que mediarão os seguintes debates: “Por elas: a arte canta a igualdade”, “Centauro, pedra, rosa e estrela: Scliar, Suassuna, Drummond, Clarice”, “Monstros e outros medos colecionáveis” e “Literatura e imagem: além dos limites do real”. Entre os escritores confirmados, estão Affonso Romano de Sant'Anna, Bráulio Tavares, Cintia Moscovich, Conceição Evaristo, Julián Fuks, Marina Colasanti, Mário Corso, Michel Laub, Nádia Battella Gotlib, Pedro Gabriel, Rafael Coutinho, Roger Mello e Zeca Camargo.
 
Mais informações sobre a Jornada Nacional de Literatura podem ser obtidas por meio do site do evento (www.upf.br/16jornada). As inscrições estão abertas e devem ser feitas no site da Jornada.

Por: Assessoria de Imprensa UPF
(Fotos: Divulgação) 

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Atualizado em 20 de junho de 2017.

União de povos no I Encontro das Etnias

Cada grupo levou para o Encontro elementos de sua cultura, como gastronomia e indumentária

A Arena Instituto Histórico, que fica no Complexo Cultural Roseli Doléski Pretto, recebeu neste sábado (17) sua primeira atividade após a inauguração: o I Encontro de Etnias, evento promovido pela Secretaria de Cultura da Prefeitura de Passo Fundo. Com a presença de representantes de diversas etnias e culturas presentes no município, o evento fez parte também da comemoração dos 160 anos de Passo Fundo.

Cada grupo levou para o Encontro elementos de sua cultura, como produtos da gastronomia e indumentária típica. Também foram realizadas apresentações artísticas, como danças, coral e leitura do alcorão. De acordo com o secretário de Cultura, Pedro Almeida, este é um evento que está apenas nascendo e projeta a repetição todos os anos, sempre no mês de junho.

Participaram do I Encontro de Etnias grupos representando argentinos, italianos, alemães, senegaleses, portugueses, judaicos e islâmicos.

(Fotos: Glenda Vívian)

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Atualizado em 19 de junho de 2017.

Estação Cultural da Gare: anunciados investimentos

O PRISMA: Estação Cultural da Gare será um espaço direcionado para a leitura de mundo

O Parque da Gare, que completa um ano de sua revitalização, receberá mais um importante investimento da Prefeitura de Passo Fundo. Desta vez, na área cultural.

O PRISMA: Estação Cultural da Gare – que será um espaço direcionado para a leitura de mundo, do impresso ao digital, da literatura e das artes aos games – deve receber obras de segurança e a instalação de equipamentos eletrônicos no início do segundo semestre deste ano. O anúncio foi feito pelo prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, em visita realizada na tarde dessa sexta-feira(16) ao Parque da Gare, ao lado do ex-deputado federal Beto Albuquerque, da professora Tania Rösing, curadora do PRISMA, e do secretário de Cultura, Pedro Almeida.

“O PRISMA será um espaço importante dentro do Parque, um local de inovação, tecnologia e educação, integrando nossas crianças, jovens, adultos e idosos com as diversas linguagens artísticas e manifestações culturais que passam pelo digital e também formando novos leitores”, falou o prefeito.

Para a professora e curadora Tania Rösing, é inquestionável a sensibilidade em transformar a região da Gare em um grande parque, com olhar distinto para todas as gerações. “O PRISMA também terá o papel de formar leitores com potencial para ler materiais em diferentes suportes, na perspectiva contemporânea, com possibilidades de circulação entre linguagens artísticas e manifestações culturais na ubiquidade (ocupar distintos espaços ao mesmo tempo)”, observou.

As obras anunciadas para o PRISMA incluem a readequação da rede elétrica e lógica, colocação de vidros e grades na parte inferior do prédio, onde funcionará a área destinada ao público gamer, com realidade virtual, jogos de mesa e interação tecnológicas. Na parte superior, será instalado espaço lúdico e sala de leitura, além de local para o público infantil.

O investimento para as obras de segurança e fechamento do PRISMA, automatização do local e equipamentos será viabilizado com medidas compensatórias e recursos próprios da Prefeitura de Passo Fundo.

(Fotos: Alex Borgmann)

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Atualizado em 16 de junho de 2017.

I Encontro das Etnias será neste sábado

O Encontro das Etnias promete ser uma grande reunião das diversas etnias presentes em Passo Fundo

Fazendo parte das atividades em comemoração aos 160 anos de Passo Fundo, será realizado no próximo sábado, dia 17 de junho, I Encontro das Etnias, promovido pela Secretaria de Cultura da Prefeitura de Passo Fundo. O evento acontece na Arena Instituto Histórico, que fica no Complexo Cultural Roseli Doléski Preto que recebe sua primeira atividade depois da inauguração.

O Encontro das Etnias promete ser uma grande reunião das diversas etnias presentes em Passo Fundo. Dentre as atrações estão apresentações artísticas que devem mostrar um pouco da arte e cultura de cada um dos povos. No caso dos alemães, por exemplo, serão apresentados o coral e a banda. Além das apresentações os grupos montarão tendas onde será possível conhecer a gastronomia típica de cada etnia.

Estão confirmadas as participações de grupos de argentinos, italianos, alemães, senegaleses, portugueses, judaicos e islâmicos. O evento deve acontecer no período da tarde, das 15h às 18h.

Serviço

I Encontro de Etnias
Data: 17 de junho de 2017
Local: Arena Instituto Histórico
Endereço: Avenida Brasil, 792
Horário: a partir das 15h

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Atualizado em 13 de junho de 2017.

Galeria Estação da Arte recebe duas exposições

A comunidade pode conferir os trabalhos aos sábados, domingos e quartas-feiras, das 15h às 19h

A antiga estação férrea da Gare, chamada de Galeria Estação da Arte, conta com novidades a partir deste sábado (10): duas novas exposições serão abertas. A comunidade pode conferir os trabalhos aos sábados, domingos e quartas-feiras, das 15h às 19h. Uma ótima programação para o fim de semana.

Olhares que transforma
André François

Histórias de vida. Foram elas que motivaram o fotógrafo André François ao longo de sua vida. Durante 30 anos André viajou por todas as regiões do Brasil, de Norte a Sul, e teve a chance de conhecer mães batalhadoras, comunidades indígenas que valorizam sua cultura, jovens obstinados, famílias unidas em momentos de dificuldade e muitos outros casos inspiradores. A partir dessa história, o fotógrafo faz uma reflexão da humanidade que existe em cada um. A seleção de fotos mostra um pouco do que André conheceu rodando o país.

A exposição fica aberta de 10 a 30 de junho.

Ilustradores Franceses
Curadoria de Mariane Loch Sbeghen

Integrando o acervo do Projeto Jornadas em Ação da Universidade de Passo Fundo (UPF), a segunda exposição fez parte da programação da 13ª Jornada Nacional de Literatura como projeto oficial das comemorações do ano da França no Brasil. A diversidade de linguagens, estilos e traços dos ilustradores franceses já encantou muitos dos participantes. Um momento de relembrar e de preparação para a 16ª edição da Jornada que acontece neste ano. A curadoria é da artística plástica Mariane Loch Sbeghen.

A exposição fica aberta de 10 a 30 de junho.

(Foto: Divulgação)

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Atualizado em 9 de junho de 2017.