Jornadinha e suas tendas

Bate-papo entre crianças e escritores é realizado nas tendas da 8ª Jornadinha

Quem tem pergunta aí? A indagação dos apresentadores das tendas Yara, Malazarte, Negrinho do Pastoreio e Curupira, localizadas no “Espaço Lendas Brasileira, Clarice Lispector” da 8ª Jornadinha Nacional de Literatura, agita as crianças, que levantam as mãos e gritam o mais alto possível para serem os escolhidos para perguntar aos autores. A Jornadinha, que iniciou na segunda-feira, 2 de outubro, recebe até o dia 6 de outubro, 20 mil crianças do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental.

A programação da Jornadinha prevê a participação de autores premiados como Daniel Kondo, Lúcia Hiratsuka e Jean-Claude Alphen, além de nomes como Alexandre de Castro Gomes, Edson Gabriel Garcia, Eliandro Rocha, Felipe Castilho, Heloisa Prieto, Luiz Antônio Aguiar, Márcia Leite, o angolano Ondjaki, Pablo Morenno, Pedro Duarte, Renata Tufano, Renata Ventura, Rosana Rios e Selma Maria.

O espaço reservado às atividades da 8ª Jornadinha leva o nome de “Espaço Lendas Brasileiras, Clarice Lispector”, composto por quatro tendas com nomes alusivos às personagens de lendas brasileiras transcritas por Clarice Lispector na obra Como nasceram as estrelas (1987): Tenda Yara, Tenda Malazarte, Tenda Negrinho do Pastoreio e Tenda Curupira. Segundo uma das coordenadoras da Jornada, Fabiane Verardi Burlamaque, é uma homenagem à autora, falecida em 1977, data que completa quatro décadas no ano da 16ª Jornada de Literatura de Passo Fundo. “Como nasceram as estrelas: doze lendas brasileiras foi a última obra de Clarice, publicada postumamente. Nessa obra, ela reconta lendas do folclore brasileiro. Assim, por esse livro ser dedicado ao público infantil, batizou-se o espaço destinado às crianças como Espaço Clarice Lispector: Lendas brasileiras”, explicou Fabiane.

Um dos principais objetivos das Jornadas Literárias é formar leitores. E é na infância que esse processo começa. “O livro é muito perigoso. Ele forma opinião e faz a gente refletir, buscar nossa singularidade no mundo. O livro faz a gente olhar pra nós mesmos e expressar aquilo que a gente sente. E esse encontro presencial com os leitores mostra que o escritor não é um morto, que fica lá na prateleira da biblioteca. Mostra que o escritor está vivo, que pensa, que é contemporâneo. Esse encontro é importante para manter viva a literatura”, declara a escritora Selma Maria.

Durante os meses que antecederam a Jornadinha, as crianças leram os livros dos autores e realizam diversos trabalhos baseados na obra. O encontro com os escritores é um momento muito esperado pelos alunos. E são muitas perguntas. Em algumas tendas, as crianças fazem fila para tirar suas dúvidas e curiosidades sobre a obra e vida dos escritores.  “No seu livro Roupa de Brincar, o armário é o coração?”, pergunta uma das crianças para o escritor da obra, Eliandro Rocha, que responde: “Quem escreve somos nós escritores, mas a interpretação é do leitor. Você pode ler a história do teu jeito. Então, se você acha que é o coração, é o coração”, respondeu o escritor.

Para a escritora Lúcia Hiratsuka, que vem a Passo Fundo pela segunda vez, esse encontro com leitores é um aprendizado e uma grande oportunidade de perceber os leitores. “Pra gente que trabalha muito solitário, esse é um momento que você tem um encontro, onde podemos responder as dúvidas deles e também perceber os seus anseios”, comenta a escritora.

São quatro mil crianças por dia. A Jornadinha funciona em sistema de rodízio, enquanto parte das crianças estão nas tendas, a outra parte está no Espaço Suassuna, na grande lona, no qual assistem a atividades artístico-culturais, como shows artísticos e contadores de histórias. A partir de quinta-feira, 5 de outubro, haverá o Slam de Ilustração, uma competição/performance entre equipes de crianças lideradas por Roger Mello, Daniel Kondo, Ivan Zigg, Jean-Claude Alphen e Mariana Massarani.

A professora da Escola Redentorista Menino Deus de Passo Fundo, Janaina Zilmmer, trouxe a turma do 3º ano para as atividades desta terça-feira. “Eles estão desde o começo do ano envolvidos com as obras da Jornadinha. Esse contato com os escritores é muito importante. A Jornadinha incentiva a leitura, a produção de textos e a leitura do mundo”, ressalta a professora.

A aluna Carol Cristina, de 9 anos, participa pela primeira vez da Jornadinha. “Ontem eu li quatro gibis, mas são dois livros por semana. Eles nos ajudam a falar melhor, a pensar e saber das coisas”, disse a aluna.

A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura são promovidas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios do Banrisul, da Corsan, da Ambev, da Companhia Zaffari & Bourbon, da Ipiranga, da Panvel, da SulGás, da Triway e da TechDEC; com o apoio cultural da BSBIOS, do Sesi e da Coleurb, patrocínio promocional da Capes, da Fapergs, da Italac e da Oniz, com a parceria cultural do Sesc, financiamento do Governo do Estado – Secretaria da Cultura – Pró-cultura RS LIC e realização do Ministério da Cultura. Confira a programação no site www.upf.br/16jornada.

Por: Assessoria de Imprensa UPF
(Fotos: Gelsoli Casagrande e Leonardo Andreoli)



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Atualizado em 3 de outubro de 2017.