A campanha Dezembro Vermelho, dedicada à conscientização sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), especialmente o HIV/Aids, mobiliza os serviços de saúde de Passo Fundo para reforçar ações de prevenção, diagnóstico e cuidado. […]
A campanha Dezembro Vermelho, dedicada à conscientização sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), especialmente o HIV/Aids, mobiliza os serviços de saúde de Passo Fundo para reforçar ações de prevenção, diagnóstico e cuidado. Todas as unidades do município oferecem testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites B e C, além de distribuição gratuita de preservativos e orientações sobre o uso da PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição).
De acordo com a coordenadora do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), Angélica Stefanello Facco, o município registrou uma redução significativa nos novos casos de HIV em 2025. A taxa de detecção, que entre 2020 e 2024 era de 36,9 novos casos por 100 mil habitantes, caiu para 26,5 em 2025. “Essa diminuição está diretamente relacionada às medidas preventivas, especialmente ao crescimento do uso da PrEP. Em 2020, apenas 14 pessoas utilizavam a profilaxia; em 2025, já são 383”, explica.
Apesar do avanço, Angélica alerta que a adesão ainda está abaixo do ideal entre mulheres e homens heterossexuais, grupos sexualmente ativos que poderiam se beneficiar da proteção adicional oferecida pela PrEP. Ela ressalta também que o aumento das pessoas vivendo com HIV e com carga viral suprimida — portanto sem risco de transmissão sexual — é resultado da ampliação do acesso ao tratamento.
A coordenadora de Vigilância em Saúde, Marisa Zanatta, destaca que o diagnóstico precoce é determinante para a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV. “Quanto antes iniciarmos o tratamento, maior é a longevidade e o bem-estar. Os testes rápidos podem ser feitos em qualquer unidade de saúde, todos os dias, durante o horário de atendimento”, afirma.
Durante o mês de dezembro, todas as unidades farão testagem por livre demanda. Além dos exames, as equipes vão reforçar orientações sobre prevenção e ampliar o acesso à informação.
Transmissão e prevenção
A transmissão do HIV ocorre principalmente por relações sexuais desprotegidas com pessoas que desconhecem sua condição ou não realizam tratamento adequado. Também pode acontecer pelo compartilhamento de materiais perfurocortantes não esterilizados e pela transmissão vertical — durante a gestação, parto ou amamentação. Em Passo Fundo, não há registro de transmissão vertical na gravidez e parto desde 2013, mas ainda foram identificados casos transmitidos pela amamentação, quando a mãe contrai o vírus após o nascimento do bebê.
Outro dado importante é o envelhecimento da população vivendo com HIV. Segundo as equipes de saúde, isso não significa aumento de infecção em idosos, mas sim que pessoas que iniciaram tratamento há anos estão envelhecendo com qualidade de vida, resultado do manejo adequado e do acompanhamento contínuo.
A diferença entre ser portador do vírus HIV e ter a doença Aids também precisa ser compreendida. Pessoas com diagnóstico precoce, carga viral controlada e imunidade preservada são consideradas portadoras e não transmitem o vírus. Já pessoas que descobrem tardiamente — muitas vezes durante internações — podem desenvolver Aids, condição que surge quando o sistema imunológico está gravemente comprometido.
Atualmente, 88% dos pacientes de Passo Fundo estão em tratamento. Destes, 92% apresentam carga viral indetectável.
PEP e PrEP: proteção ampliada
Além do preservativo, novas tecnologias de prevenção ampliam as possibilidades de proteção. A PEP deve ser iniciada até 72 horas após uma exposição de risco e tem duração de 28 dias, com oferta no SAE e no Cais Petrópolis. Já a PrEP é indicada para pessoas sexualmente ativas acima de 15 anos, especialmente aquelas que têm relações desprotegidas. Ambas são disponibilizadas gratuitamente. “Viver com HIV é possível, com dignidade. A informação salva e a prevenção ajuda”, reforçam as equipes.