A restauração do espaço durou 14 meses e teve investimento de cerca de R$ 1 milhão em recursos próprios do município.

A noite dessa sexta-feira (15) foi marcada por um momento histórico para os passo-fundenses e apaixonados pela cultura: a entrega das novas instalações do Teatro Municipal Múcio de Castro. A cerimônia de abertura iniciou com “Este tango que canto és para ti”, tango passo-fundense escrito por Edu Villa de Azambuja, interpretado na voz de Volmar Santos e nos passos dos dançarinos da Baillar Centro de Dança.
O espetáculo seguiu com intervenção teatral do ator Carlinhos Tabajara e muita poesia dos convidados, que falaram um pouco sobre a importância do ponto histórico e cultural, do teatro que faz parte da identidade e da memória da cidade.
A restauração do espaço durou 14 meses e teve investimento de cerca de R$ 1 milhão em recursos próprios do município. O prefeito Luciano Azevedo destacou o significado de devolver para a população um dos lugares mais nobres da cidade. “Esta é uma obra da cidade e para a cidade. O teatro, além de representar a história e a cultura, significa a recuperação de espaços públicos. A cidade é das pessoas e elas têm este direito de ocupar os espaços com a família e com os amigos”, disse Luciano, que complementou: “acreditamos que a cultura é muito importante na transformação de uma cidade. Hoje, realizamos um sonho coletivo”, finalizou ele.
O secretário de Estado de Cultura, Victor Hugo, ao citar o poeta da revolução, Maiakovski, agradeceu o convite do prefeito Luciano e mostrou satisfação em ver o empenho para recuperar o teatro. “– Comigo a anatomia ficou louca. Sou todo coração. Aqui somos todos coração. Agradeço e parabenizo o prefeito Luciano pela determinação e cuidado em executar esta boa ideia. Este momento oferece algo de valioso, uma noção de pertencimento ao lugar, com apuração técnica e respaldo da comunidade”, disse.
O secretário municipal de Cultura, Pedro Almeida, trouxe ao palco a palavra que não poderia faltar: gratidão. “Peço permissão para falar um pouco como artista e dizer muito obrigado, prefeito Luciano. Muito obrigado por permitir que este teatro fosse uma das prioridades do governo e pela coragem de chegar até aqui. Os artistas passo-fundenses agradecem de coração”, observou Pedro.
Ao fim da cerimônia, Pedro Almeida e Victor Hugo fizeram uma parceria musical e apresentaram quatro canções para a plateia. O Teatro Municipal volta à cena!
Entre o passado e o futuro: novas facetas, antigas histórias
Tido como o principal conjunto arquitetônico de valor histórico da cidade, o Teatro Múcio de Castro integra o Complexo Cultural Roseli Doleski Pretto, localizado na Avenida Brasil, no coração da cidade.
Em 1883, as primeiras paredes do palco foram erguidas. Inicialmente, o prédio serviu como sede do Clube Dramático Passo-Fundense, abrigou a partir de 1911, a sede do Poder Judiciário, o Clube Pinheiro Machado, as instalações do Jornal O Gaúcho e, em 1932, serviu de local de ensino público para o Colégio Elementar. Nos anos de 1940 até 1977, foi sede do Poder Legislativo Municipal, da Coordenadoria da Sétima Região Tradicionalista do MTG, da União Passo-Fundense de Estudantes e outras dependências administrativas.
Na década de 90, foi elaborado um projeto de readequação das instalações para o uso como Teatro Municipal. Com a inauguração do espaço, foi homenageado o fundador do jornal O Nacional, Múcio de Castro. Em 2015, o teatro ganha um novo capítulo e abre espaço para mais histórias serem contadas, com a participação dos personagens que estão na lembrança e no palco. A população ganha em qualidade e incentivo a preservar o caminho cultural feito por todos.
A nova estrutura
O projeto do Teatro Múcio de Castro contou com a restauração das alvenarias históricas, medida que solucionou os velhos problemas de umidade e descamação de pinturas; recuperação do telhado e esquadrias com a preservação do aspecto histórico original; e nova pintura definida a partir de prospecção pictórica, mecanismo que indicou a cor rosa salmão para a fachada.
A substituição completa dos carpetes, poltronas e cortinas, além da criação de ante-câmaras, implementação de sistema de condicionamento de ar e ampliação da parte posterior, para melhorar o acesso dos camarins ao palco, foram algumas das mudanças. Os camarins também foram recuperados e ampliados. Sem esquecer a acessibilidade, com base no direito universal de acesso aos estabelecimentos públicos, novos banheiros – masculino, feminino e para portadores de necessidades especiais – fizeram parte do cronograma.
O projeto executado foi elaborado em 2010, pela empresa Zay Arquitetos Associados, sendo um dos profissionais responsáveis o arquiteto Marcos Antonio Leite Frandoloso.